Longe vão os tempos do cartaz turístico de 1907, lançado com o slogan Portugal: the shortest way between America and Europe para realçar as potencialidades do nosso país como um ponto estratégico de tráfego internacional entre a América e a Europa. Hoje, os turistas chegam de todo o mundo e já não existem dúvidas sobre Portugal ser um destino na moda. O setor do turismo tem-se afirmado como um dos motores da economia portuguesa, representando a maior atividade económica exportadora do país, com um contributo decisivo para o PIB português.
8,2%
Peso das Receitas Turísticas/PIB, em 2018
Em 2018, o peso das receitas turísticas representou 8,2% do PIB e alcançou 18,6% do peso das exportações globais.
18,6%
Peso das Receitas Turísticas/Exportações globais, em 2018
Nos últimos cinco anos, o crescimento do número de turistas em Portugal revela uma curva ascendente, com um aumento sustentado nos mais diversos indicadores, como o número de hóspedes (de 17,3 milhões em 2014 para 25,2 milhões em 2018) ou as receitas turísticas (de 10,4 mil milhões de euros em 2014 para 16,6 mil milhões de euros em 2018).
Contas certas, só no final do ano; mas as estimativas mais recentes do INE indicam que 2019 não será exceção. Entre janeiro e agosto, Portugal recebeu cerca de 18 milhões de visitantes, um milhão a mais face ao mesmo período do ano passado. Sendo que a manter-se este ritmo de crescimento, a perspetiva é que possamos fechar o ano com 26 milhões de hóspedes, o que representa um novo recorde para Portugal.
“A crise em destinos concorrentes impulsionou o nosso crescimento, mas a oferta diversificada que Portugal oferece tem sido igualmente fundamental. Temos um país incrível, com pessoas extraordinárias e os turistas reconhecem este fator. Todavia, a tendência de crescimento não poderá, por motivos óbvios, ser tão acentuada no médio e longo prazo, embora o crescimento, sobretudo qualificado, possa manter-se se o setor se consolidar e profissionalizar os modelos de gestão”, afirma Hélia Gonçalves Pereira, que dirige, em conjunto com Francisco Moser, a Pós-Graduação em Top Management in Hospitality and Tourism, do INDEG-ISCTE.
+1 milhão
Entre janeiro e agosto de 2019, houve mais um milhão de turistas face ao mesmo período do ano passado
Turismo além do sol e praia
Muito se tem evoluído na forma como Portugal é encarado como destino turístico: o país deixou de ser sinónimo de Algarve, para ir muito além numa oferta diversificada que é o espelho deste recanto “à beira mar plantado”, com capacidade para chegar a quase todos os públicos, quer do ponto de vista sociodemográfico, quer comportamental e psicográfico. “Temos um país que, há muito, deixou de ser apenas para o turista de sol e praia”, lembra Hélia Gonçalves Pereira. Hoje, muitos visitantes procuram cidades como Lisboa e Porto, porque a sua motivação é a cultura; outros privilegiam o contacto com a natureza, sabores gastronómicos de excelência ou vinhos, escolhendo o Alentejo e o Douro para passar férias; e ainda existem os que preferem a oferta qualificada das praias no Alentejo Litoral. “Existem produtos para famílias com filhos, sem filhos; jovens à procura de aventura, mas também jovens à procura de um retiro romântico; oferecemos a possibilidade de pequenas escapadelas, mas, também, uma estadia de maior duração, entre outras possibilidades”, acrescenta.
25 milhões
Em 2018, houve 25 milhões de hóspedes em Portugal, sendo as principais regiões de destino a área metropolitana de Lisboa, Norte e Algarve
Na última década, a oferta de alojamento vocacionada para turistas foi reforçada, multiplicou-se a animação e a oferta de experiências, apostou-se na promoção de Portugal junto dos mais diversos mercados. Para a diretora da pós-graduação de gestão de turismo no INDEG-ISCTE, o crescimento não implica problemas na verdadeira aceção da palavra. “Quem não se lembra de uma Lisboa vazia, onde havia receio de sair à noite? Quem não se lembra de Lisboa (e Porto) com edifícios decadentes, em bairros históricos onde ninguém queria viver? O turismo, e o seu crescimento, trouxe pessoas para dentro das cidades, trouxe requalificação urbana, trouxe cor e movimento ao espaço urbano”, adianta Hélia Gonçalves Pereira. Um estudo sobre o valor económico do alojamento local para a região de Lisboa, coordenado pela responsável e com a assinatura da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), concluiu que este tipo de alojamento já em 2018 contribuía com 1% para o PIB português.
Pós-graduação Top Management in Hospitality and Tourism
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Esta pós-graducação, lecionada pelo INDEG-ISCTE, permite desenvolver competências de gestão, estratégicas e transversais, com foco no setor da hotelaria e turismo.
- Calendário: 10 de janeiro a 4 de julho (2020)
- Regime: pós-laboral (sexta-feira: 18h30-22h30 e sábado: 09h00-13h00)
Quais os perfis a quem se dirige a pós-graduação? Hélia Gonçalves Pereira, diretora da formação, explica:
1. Jovem profissional, com 3 ou 4 anos de experiência que para evoluir dentro da organização onde se encontra ou, eventualmente, transitar para outra de maior dimensão, pretende consolidar conhecimentos não passíveis de garantia na sua licenciatura ou no exercício da função;
2. Profissional sénior que, com mais de 20 anos de experiência, muitas vezes diretor geral de hotel, compreende que o contexto mudou, que a experiência empírica pode não ser suficiente para acompanhar as atuais tendências;
3. Profissional à procura de novos desafios que, por diferentes motivos, tem como objetivo mudar de carreira para uma área de grande potencial e visível crescimento.
Turistas hoje mais exigentes
Novas realidades e modelos de negócio — que têm vindo e continuarão a mudar —, clientes mais exigentes, uma concorrência interna e externa mais agressiva e sofisticada colocam desafios para todos os que trabalham na área do turismo. As saídas profissionais são múltiplas e a criação de emprego está em crescimento. O turismo assegurou 1,047 milhões de empregos em Portugal em 2018, o que representa 21,8% do emprego total, segundo o WTCC (World Travel & Tourism Council). Nos últimos anos, o setor do turismo tem sido um dos mais dinâmicos na criação de emprego. Segundo a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares (AHRESP), entre 2015 e 2017, foram criados 50 mil empregos no turismo e ainda fazem falta cerca de 40 mil pessoas. “No turismo, há espaço para criação de mais emprego seja em quantidade — na medida em que o número de equipamentos hoteleiros vai aumentar em Portugal, há vários projetos já aprovados ou em fase de construção —, seja em qualidade — vão ser necessárias mais pessoas, mas também pessoas mais qualificadas. Esse tipo de promoção vai ser cada vez mais difícil se não for alavancada por alguma formação académica ao nível de pós-graduações. O conhecimento é fundamental”, considera Hélia Gonçalves Pereira.
As empresas do turismo devem consciencializar-se que só com recursos humanos com um elevado nível de qualificações e formação podem vencer. “Já não será possível a progressão de indivíduos com experiência no terreno. Só os mais bem preparados vão sobreviver”, acrescenta Hélia Gonçalves Pereira. É importante ter atenção redobrada na atualização de competências para acompanhar as tendências no caminho para um turismo de qualidade. “É necessário apostar cada vez mais num turismo qualificado, sofisticado, onde encontramos um turista cada vez mais informado, formado, tecnológico, que sabe o que quer e que exige nessa exata medida. Para isso, as empresas do setor têm de responder com qualidade para que tenhamos, no ecossistema internacional, uma posição sustentável numa perspetiva de longo prazo”, adianta Hélia Gonçalves Pereira.
1,05milhões
Foi o número de empregos criados em 2018 no setor do turismo; o que equivale a 21,8% do total de postos de trabalho
O Turismo de Portugal, um dos parceiros da pós-graduação sobre gestão de turismo do INDEG-ISCTE, tem desempenhado um papel fundamental na promoção do país como destino turístico, o que, entre outras variáveis, assegurou o título de World’s Best Destination pelo segundo ano consecutivo. “Todos os players do setor estão interessados em consolidar a sua posição e aproveitar estes ‘bons ventos´ para crescer na capacidade de atração, mas, sobretudo, na capacidade de retenção e fidelização de clientes. Ter turistas satisfeitos, envolvidos e que se coloquem como ‘embaixadores’ de Portugal é um dos principais desígnios” para o sucesso, afirma a diretora da formação.
Aponte na agenda: Real-Life Master Class
Quais as prioridades em termos de investimento e os apoios ao financiamento em turismo? Quais serão as principais tendências para melhor compreensão do perfil viajante do futuro? E os modelos de negócio no setor, continuarão a ser os mesmos? Qual o futuro do turismo? Para responder a estas e outras questões sobre o turismo, o INDEG-ISCTE realiza hoje, 12 de novembro, às 18:30h, a Real-Life Master Class O Turismo e a Hotelaria na Gestão 3.0. Inscreva-se aqui.