A piloto de todo o terreno Elisabete Jacinto esteve esta terça-feira no Palácio de Belém, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e revelou contar voltar às competições no Maroc Desert Challenge, em abril de 2020.

“Tenho tentado criar condições para voltar, mas, este ano, não se conseguiu concretizar. Estou convencida que para o ano há essa possibilidade. A África Race, em janeiro, é a maior prova, mas está provado que não vou conseguir. Depois há outra em abril e é para essa que me estou a preparar”, avançou, à margem da iniciativa Desportistas no Palácio de Belém, promovida pela Presidência da República.

Depois de ter sido submetida a uma cirurgia ao ombro e “ter ficado parada para recuperar”, Elisabete Jacinto assegurou ao Presidente da República, que havia perguntado sobre o seu “próximo sonho”, que “continua a trabalhar e a organizar as coisas para voltar bem”, faltando “só concretizar a parte do financiamento, que está quase garantida”.

Embora tenha como “sonho voltar ao Dakar com um camião”, graças a “uma mais-valia e um conhecimento que pouca gente tem”, a piloto portuguesa recorreu às primeiras experiências na mítica corrida em África de moto, em 1998, 1999, 2000 e 2001, que “correram mal”, para passar uma mensagem motivacional e didática aos mais de 70 alunos oriundos da Escola Secundária D. Maria II, de Vila Nova da Barquinha, Colégio Nossa Senhora da Conceição, de Guimarães, e Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol, na Madeira, que marcaram presença no Palácio de Belém.

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“Somos muito mais fortes do que aquilo que pensamos”, defendeu, aludindo às muitas quedas sofridas no Rali Dakar, aos mais diversos percalços, avarias mecânicas, elétricas, desilusões e acidentes, como o sucedido em 2001, quando o seu “carro de assistência pisou uma mina na fronteira entre Marrocos e a Mauritânia e foram todos evacuados para o hospital.”

Foi muito duro, mexeu muito comigo, parti-me toda, mas acabei a prova e realizei o meu sonho de terminar o Dakar de moto”, recordou, defendendo ainda que “todos os sonhos se realizam, desde que se queira muito e os objetivos sejam muito fortes.”

A fórmula para o sucesso, revelou aos jovens estudantes, passa por “começar a sonhar grandioso, de forma ambiciosa, e depois transformar esse sonho num objetivo”, que é a orientação para a vida.

“Além disso é preciso acreditar, só assim alcançamos coisas fabulosas, e trabalhar muito e bem. O meu maior mérito é deixar o exemplo de que podemos fazer tudo o que quisermos, com inteligência, racionalidade e trabalho. Essa é a minha mensagem, também na luta pela igualdade de género”, finalizou a antiga professora de geografia, caracterizada por Marcelo Rebelo de Sousa como “uma campeã”.