Luís Filipe Vieira admitiu esta sexta-feira a hipótese de vender mais tarde parte da sociedade anónima desportiva (SAD) do Benfica a investidores de confiança, se a OPA que o clube lançou tiver sucesso.
O clube, que detém diretamente 40% da SAD e outros 27% de forma indireta, através de uma SGPS, quer ficar com 95% do capital. E Luís Filipe Vieira quer ter o poder de decidir quem são os acionistas de referência: “O Benfica passa a tomar as decisões por ele próprio e se um dia entender que deve ter um parceiro estratégico poderá ter, como outros têm”, revelou o presidente do Benfica em declarações à BTV. O clube “não tem a necessidade de ter 27 ou 28% [do capital] em mãos que não controlamos”, diz ainda.
“O Benfica está a fazer — se calhar, desde que estou no Benfica — o melhor negócio de sempre, porque sei quanto é que vale a SAD do Benfica”, diz Vieira, que admite a hipótese de vender mais tarde parte desse capital. E dá dois exemplos: em França, o Lyon, que “vendeu 20 por cento da SAD por 100 milhões de euros” e, na Alemanha, “o Bayern Munique tem a Allianz, a Audi, a Adidas” como parceiros estratégicos.
SAD do Benfica defende que OPA polémica é “oportuna” e contrapartida “justificada”
“Parece que quando o Benfica faz alguma coisa, há um negócio escondido, mas não há nenhum negócio escondido”, diz Vieira, que promete “explicar tudo aos benfiquistas” a 2 de janeiro, quando puder dar detalhes sobre a operação. A aquisição de 28% que hoje estão dispersos “faz parte da estratégia para o Benfica aumentar o capital próprio e devolver cada vez mais o Benfica aos benfiquistas”, defende. “O Benfica tinha de se salvaguardar e este era o momento ideal, financeiramente”, considera ainda.
Depois de a OPA ter suscitado dúvidas na opinião pública — porque Luís Filipe Vieira e outros administradores têm ações do Benfica e beneficiarão do prémio que o clube está a dar —, o presidente do Benfica garante que não há nada de mal na operação. Quando o Benfica teve problemas financeiros, “foi preciso chamar diversos benfiquistas para ajudar o Benfica naquele momento — eu fui um deles, coloquei salvo erro quatro milhões naquela altura — e o que vier um dia a receber é meu, é o meu dinheiro, não é nenhum negócio que fiz com o Benfica, é o meu dinheiro, é da minha família, é dos meus filhos”, diz Vieira, que não gostou de algumas reações: “Magoa bastante algumas pessoas letradas a fazerem determinado tipo de comentários”.