Greta Thunberg só pode estar presente na parte final da Marcha pelo Clima, em Madrid, na qual participam milhares de ativistas e figuras públicas, incluindo alguns políticos portugueses. A ativista sueca juntou-se ao percurso apenas perto da zona de Nuevos Ministerios, onde a marcha tinha fim marcado para as 20h (19h em Portugal). No ponto alto da manifestação estiveram perto de 500 mil pessoas e 80 organizações ambientais.

O encerramento da marcha ficou marcado por vários discursos. A primeira intervenção em Nuevos Ministerios foi da líder indígena brasileira, Sônia Guajajara. A ativista brasileira focou o seu discurso na floresta Amazónia e assegurou que “Jair Bolsonaro é uma ameaça para todo o mundo”. “Precisamos de nos unir e mobilizar para a luta do planeta. É preciso descentralizar o uso da terra porque a luta da “mãe terra” é a luta mãe de todas as lutas”, terminou.

A última a discursar foi Greta Thunberg, pelas 20h42, e começou por afirmar a urgência de agir face ao ponto em que se encontra o planeta. “Estamos a dizer às pessoas com poder que têm de tomar responsabilidade”, acrescentou.

A jovem de 16 anos salientou que o objetivo desta marcha era alimentar a esperança na luta contra as alterações climáticas e que “o meio milhão de pessoas na marcha é a esperança”. “Temos que fazer com que as vossas vozes sejam ouvidas porque a mudança que precisamos virá das pessoas com poder. Só nós não vamos conseguir, e os poderosos têm que nos seguir”, continuou. “Estamos a dizer que já chega. Mesmo que eles não gostem, já chega porque estamos a chegar a um ponto em que não temos outra opção”, terminou depois de ter sido interrompida várias vezes por aplausos dos jornalistas no local.

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Poucos minutos antes, Javier Bardem, ator espanhol consagrado em Hollywood, afirmou que este se trata de um dos momentos mais críticos da história. “A Terra está a aquecer e só temos 10 anos para travar a mudança climática”, continuou antes de fazer um pedido às maiores economias para que reduzissem as suas emissões de CO2. “Também temos que mudar o meio de transporte, para que seja mais eficiente e partilhado”, acrescentou Javier Bardem pedindo aos políticos, “desde o estúpido do Trump ao estúpido do Almeida [presidente da câmara de Madrid]”, que estivessem “à altura”.

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A marcha começou às 18h locais (17h em Portugal), com os manifestantes a partirem da zona da estação de Atocha com cerca de 100 mil manifestantes, no terceiro dia da COP25, em Madrid, e decorreu sem grandes incidentes. Ainda assim, a polícia viu-se obrigada a expulsar um grupo de cerca de uma dezena de encapuçados que se infiltrou na manifestação, segundo avança a agência noticiosa Europa Press. A polícia estava preparada para atuar, mas não foi necessário. O grupo em questão terá arremessado vários objetos contra os outros manifestantes.

Greta Thunberg deveria marcar presença durante todo o desfile, mas face aos meios de comunicação em cena e a toda a confusão (são mais de 100 mil pessoas), a jovem ativista foi aconselhada a juntar-se ao movimento apenas nos metros finais, já perto de Nuevos Ministerios, e abandonou ainda no início do percurso. Greta Thunberg saiu de uma conferência de imprensa já perto das 18h sob escolta, face à agitação da sua presença que atrai dezenas de pessoas e meios de comunicação.

A “Marcha Pelo Clima” foi convocada por um conjunto de várias associações climáticas que incluem a Juventude pelo Clima, Rebelião pelo Clima, Aliança pelo Clima e pela Emergência Climática, e tem o lema “O Mundo Despertou para a Emergência Climática”.

Ao longo da marcha foram identificáveis várias secções onde as pessoas seguem alguns temas ora definidos pela organização, ora espontâneos. Um deles, decidido pelos organização é um tributo aos indígenas do Chile, uma vez que era este o país responsável pela organização da cimeira, mas que, face aos confrontos e agitação social, teve de ser mudada para Madrid.

Uma das secções é composta por portugueses e inclui vários membros do panorama político nacional como Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, André Silva, deputado pelo PAN, e José Luís Ferreira, do partido Os Verdes. Estão também presentes vários órgãos políticos espanhóis.

Pelas 19h20 (18h20 em Portugal) os primeiros manifestantes foram chegando lentamente à Plaza Colón. O cortejo parou momentaneamente no Paseo de la Castellana seguindo depois para Nuevos Ministerios.