A notícia talvez esteja a deixar parte da comunidade apreciadora de arte moderna em estado de choque, mas o inesperado (ou o óbvio?) aconteceu: a banana mais cara do mundo, aquela que estava presa à parede de uma galeria de arte com fita adesiva e que foi vendida a um colecionador por 108 mil euros… foi comida.
Miami. Artista vende uma banana com fita adesiva por 108 mil euros
O autor da proeza foi outro artista, o nova-iorquino David Datuna, que entrou no evento Art Basel, em Miami Beach, Florida, e para grande surpresa de visitantes e funcionários do espaço, pouco antes das duas da tarde deste sábado – hora local – descolou a banana, descascou-a e comeu-a. Ali mesmo, à frente de todos. E há registo em vídeo do momento:
https://www.facebook.com/ddatuna/videos/pcb.10215483550030551/10215483750675567/?type=3&theater
A notícia está a ser divulgada em vários orgãos de comunicação social norte-americanos e o próprio artista tem-na partilhado amplamente na sua página do Facebook. Numa das publicações chegou a escrever que “estava deliciosa“.
https://www.facebook.com/ddatuna/posts/10215483550030551?__xts__[0]=68.ARAWZ-PnDP6SibaSP8uOF0dmAFNaNXjyC6cq1Lcim7hpPdR6uecklQW0_j5PG6xAvUiC4nsczHWB5tmzkqMWSsFc5_qV-DV01kdStOK6UWjSNxEiL_Kl0Rxybxy0m4vfCmv0SpuCt2OhXlbNe_DfYkL2A5u2MEJTSbweVZFbnWCSXrf-OdajHH11yU3_ezFeoG-oeanxYqveH4140dj3andzVj46PS–k4PMPUTyZAN5ZlNEHkXd4WdDgDDvax5VH-tr0tNn7rzwV7h0y6oEdQ352-7J2njBvDyv6pmzyH2COFDb4cnboJDTd26jk4EB3kmZsg_xapEl5EKulAPfwlwK_Q&__tn__=H-R
De acordo com o jornal Miami Herald, o pequeno lanche de Datuna não caiu bem ao dono da galeria, Emmanuel Perrotin, que estava a caminho do aeroporto quando foi informado que a valiosa banana tinha sido comida. “Claramente incomodado”, escreve o jornal, Perrotin deu meia volta e regressou à galeria.
Não é de estranhar. Afinal, dias antes, o próprio Perrotin tinha feito declarações à CNN que mostravam como admirava a mensagem da obra. Explicou que as bananas são “um símbolo de troca global, de duplo sentido, e um dispositivo clássico para o humor”, acrescentando que o artista que a fez é conhecido por transformar objetos mundanos em “veículos de deleite e crítica”.
O artista em causa é Maurizio Cattellan, que apesar de ser considerado um brincalhão no mundo da arte, terá levado este trabalho muito a sério. Todos os aspetos do trabalho terão sido cuidadosamente pensados, desde o formato da fruta ao ângulo em que esta foi presa à parede, segundo os especialistas.
Apesar do incómodo do dono da galeria, o problema já estava a ser resolvido. Como? É simples: o facto de a banana ter sido comida não prejudica necessariamente a integridade da obra de arte porque “a banana era apenas um conceito”, segundo explica o responsável pela ligação com os museus da galeria, Lucien Terras.
Na verdade, a obra vem acompanhada de um certificado de autenticidade e é isso que os colecionadores compram. A banana, mesmo que não tivesse sido comida, também não ia durar muito. E assim, o problema resolveu-se 15 minutos depois do “incidente” – os responsáveis da galeria arranjaram outra banana e voltaram a colá-la à parede com fita adesiva.
Artista que comeu a banana pode vir a ser processado
Quanto a David Datuna, o artista que comeu a banana, ainda não é claro o que lhe vai acontecer a seguir. De acordo com o site TMZ, que chegou à fala com ele, logo a seguir à… refeição, o artista foi escoltado para fora da galeria pelos seguranças do espaço e levado para uma sala onde foi interrogado pela polícia. O mesmo site revela que os responsáveis da galeria não ficaram nada satisfeitos com o que se passou, mas até ao momento, ainda não foi apresentada qualquer queixa. O artista revelou ao TMZ que quer a polícia, quer os seguranças estavam confusos porque nunca tinham lidado com uma situação parecida.
Um golpe de génio? Uma manifestação de sarcasmo? E de quem? Do autor que criou a obra ou do artista que a comeu? A dúvida certamente dará para muitas discussões no mundo da arte, mas o que é certo é que a banana presa a uma parede tornou-se num êxito istantâneo para os turistas que fizeram filas tão grandes para fotografar a obra que foi preciso pôr baias na galeria para controlar a multidão.
Embora não haja dados oficiais que o confirmem, os responsáveis da galeria de arte garantem ao Miami Herald que “aquela banana já foi fotografada mais vezes que a Mona Lisa”.