O Brasil espera alcançar 50 por cento de fontes renováveis em 2050, disse esta terça-feira à Lusa o ministro de Minas e Energia brasileiro, Bento Albuquerque, à margem da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP25), em Madrid.

“As renováveis já têm [um] papel importante no Brasil. A solar e a eólica são relativamente novas com menos de dez anos e hoje representam juntas dez por cento da nossa matriz. O crescimento delas nos próximos dez anos será de 20 por cento e acreditamos que as renováveis (todas) em 2050 sejam de 50 por cento da nossa matriz”, disse.

Albuquerque conversou com a Lusa no dia dedicado à energia na COP25. Atualmente, a matriz energética brasileira conta com 43,5 por cento de renováveis. Já em relação à matriz elétrica brasileira, 82 por cento é de renováveis, especialmente em relação à hidráulica.

O país tem o maior programa de biocombustíveis do mundo, considerado pela Agência Internacional de Energia. Este é o maior programa de captura de gás carbónico do mundo, o RenovaBio”, detalhou.

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Esta, segundo o ministro, é uma forma de compensar as emissões de carbono efetuadas pela indústria de fósseis. Apesar de a Petrobras constar na lista das 20 maiores empresas petrolíferas no mundo que mais emitem, segundo o ranking do instituto americano Climate Accountability, Albuquerque destacou que o programa RenovaBio, criado em 2017, integra a política nacional de biocombustíveis. “Este programa dinamiza a economia com os certificados emitidos a empresas poluidoras que ainda não são carbono zero”, disse.

A primeira experiência brasileira com biocombustíveis ocorreu há 40 anos durante o choque do petróleo, lembrou. “Isso permitiu que hoje tenhamos uma produção de um terço dos nossos combustíveis de etanol e biodiesel. O uso de biocombustíveis também permite que cidades como São Paulo não sejam tão poluídas como Nova Deli, Pequim e Xangai”, destacou.

O ministro de Energia defendeu ainda o nuclear, considerando que o mundo só conseguirá alcançar as suas metas de emissões de gases de efeito estufa se incluírem a energia nuclear como base. “Em relação à transição energética, talvez o mundo não vá atingir as metas estabelecidas se desconsiderar o uso da energia nuclear”, reforçou.

Atualmente, a energia nuclear representa 1,6 por cento da matriz elétrica brasileira e deve alcançar três por cento em 2050. “Este é um tipo de energia distinta, de base e segura, enquanto as renováveis são intermitentes. É preciso haver uma opção para substituir a energia proveniente de renováveis quando elas não estão a gerar“, disse.

Sobre a dificuldade de gestão dos resíduos gerados pela energia atómica, Albuquerque afirmou confiar que o desenvolvimento tecnológico deixará de gerar tantos resíduos.

O Brasil é o sétimo país em recursos de urânio no mundo, concentrados especialmente nos estados do nordeste, Baía e Ceará. À frente do Brasil estão Cazaquistão, Austrália, Canadá, África do Sul e Nigéria. Além do Brasil, apenas Rússia e Canadá são países com reservas que dominam o ciclo de produção do combustível nuclear.