O candidato à liderança do PSD Rui Rio afirmou esta segunda-feira que vai continuar a colocar “os interesses do país à frente dos do partido”, aconselhando os militantes do partido que pensam de forma diferente a não votar em si.
“A razão pela qual me candidato a este cargo não é o partido. A razão pela qual nesta altura da minha vida ainda estou disponível para continuar em força na vida pública não é o partido, mas, sim, o meu país. Nos próximos dois anos será igual, quem não concorda o melhor é não votar em mim. Se não concorda, vota noutro qualquer”, disse Rui Rio, num encontro em Leiria com militantes. Segundo o presidente do PSD, “o pior que há” seria ganhar as eleições de sábado “com votos que vão ao engano”.
“É melhor perder do que ganhar quando as coisas não se perceberam bem. Eu digo as coisas às claras”, frisou Rio.
“Nos momentos em que os interesses táticos do partido não coincidem com o interesse nacional, eu opto pelo interesse nacional e não pelo interesse tático do partido. Sei que muitas pessoas dentro do partido não aceitam. É uma transparência que tenho de adotar para que quem não concorda comigo, não votar [em mim] e não votarem mesmo! Para não dar nas dessintonias que deu estes dois anos”, acrescentou.
O candidato social-democrata elegeu as autárquicas de 2021 como um dos grandes objetivos. “O que vem a acontecer é particularmente grave. Em 2013 perdemos diversos presidentes de câmara. Bastantes. Mas em 2017 perdemos mais algumas presidências de câmara e, acima de tudo, perdemos vereadores e juntas de freguesia”, recordou.
Para Rui Rio, as próximas eleições autárquicas são “absolutamente decisivas”, porque “o que determina em primeira linha a força de um partido na sociedade não é número de deputados, é o número de autarcas”.
Outra prioridade de Rio é a abertura do PSD à sociedade, que passa pela “organização administrativa e financeira do partido, para se credibilizar perante a opinião pública”, e pela oferta de “novos espaços de militância aos portugueses”, nomeadamente o alargamento do Conselho Estratégico Nacional, para reforçar o a ligação aos militantes.
Sem esse envolvimento, “os militantes zangam-se muito quando não há lugares para eles”, considerou, referindo: “Temos de mudar a envolvência para que as pessoas que estão na política por isso se sintam desconfortáveis”.
Relativamente à oposição ao Governo, liderado pelo socialista António Costa, o líder social-democrata reafirmou a intenção de manter uma “oposição construtiva e não destrutiva”, e prometeu que o PSD reconhecerá se o executivo fizer algo positivo
Quando fizerem alguma coisa que está bem, nós, obviamente e humildemente, dizemos que está bem. A humildade é um sinal de grandeza. A arrogância é um sinal de estupidez”, observou.
Um comportamento que “pode não ser transversal dentro da lógica dos partidos políticos”, mas “é isto que os portugueses apreciam e é isto que querem”, declarou Rio. “É assim que se comportam no seu dia a dia ou, pelo menos, gostam que os outros se comportem assim. É este o caminho que entendo que o PSD deve seguir nos próximos dois anos”, adiantou.
Além de Rui Rio, são candidatos à liderança do PSD o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.
As eleições diretas para escolher o próximo presidente social-democrata realizam-se no sábado, com uma eventual segunda volta uma semana depois, e o Congresso entre 7 e 9 de fevereiro, em Viana do Castelo.