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Coates e uma versão diferente de "Contágio" com efeitos retroativos (a crónica do V. Setúbal-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Sporting venceu V. Setúbal num jogo atípico em toda a linha, Bruno Fernandes bisou mas Coates foi protagonista por outro motivo: por não saber evitar um vórtice negativo que já é habitual nos leões.

O central uruguaio está castigado e não vai jogar com o Benfica
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O central uruguaio está castigado e não vai jogar com o Benfica

EPA

O central uruguaio está castigado e não vai jogar com o Benfica

EPA

Atípico, a·tí·pi·co, (a- + típico), adjectivo. Que não tem as características consideradas normais ou mais comuns. Incaracterístico, incomum, invulgar. 

É assim que o dicionário português descreve a palavra que mais facilmente classifica aquilo que foram os dias que antecederam a visita do Sporting ao V. Setúbal. Estiveram longe de ter as características consideradas normais ou mais comuns, foram naturalmente incaracterísticos, incomuns e invulgares. Um poderoso vírus gripal, que levou praticamente todo o plantel do V. Setúbal ao hospital e deixou mais de uma dezena de jogadores em quarentena, deixou a equipa de Julio Velázquez “morta”, como o próprio treinador espanhol referiu na antevisão.

Velázquez falou com Silas, os dois treinadores encontraram nos primeiros dias de março uma janela de oportunidade para reagendar a partida sem adensar ainda mais o já complicado calendário do Sporting mas os regulamentos da Liga indicam que o adiamento teria de ser realizado nas próximas quatro semanas. Pedro Proença promoveu uma reunião entre representantes dos dois clubes, o Sporting propôs que fosse disponibilizada uma junta médica para confirmar o estado de saúde dos jogadores sadinos, o V. Setúbal recusou: no fim, a data do jogo manteve-se para este sábado, às 20h30, no Estádio do Bonfim.

Vitória de Setúbal e Sporting vão mesmo jogar este sábado

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Com 12 jogadores impedidos de sair de casa, Julio Velázquez tinha apenas 16 elementos na ficha de jogo e por isso contava com apenas cinco opções no banco de suplentes (em que quatro pertecem aos Sub-23). No onze do V. Setúbal, seis jogadores estiveram no hospital — João Meira, Pirri, André Sousa, Éber Bessa, Carlinhos e Zequinha –, Mansilla, que estava no banco e que terá sido o “paciente zero”, também esteve na unidade hospitalar, e Milton Raphael e Mano, ambos titulares, também apresentaram sintomas durante a semana. Contas feitas, nas opções iniciais de Velázquez para receber o Sporting, só Guedes, Mathiola e Leandro Vilela não tiveram qualquer problema de saúde nos últimos dias.

Do outro lado, Battaglia regressava ao onze titular dos leões para fazer face ao castigo de Doumbia. Borja começava de início na esquerda da defesa e Acuña nem sequer estava entre os convocados, com a imprensa desportiva a garantir que o lateral argentino se recusou a jogar depois de uma discussão com Hugo Viana — o jogador de 28 anos estará a forçar uma saída para o Inter Milão, depois de já ter estado perto de sair no verão para o Zenit, e está alegadamente descontente com as promessas da cúpula leonina relativamente a um aumento salarial que ainda não se verificou. Verdade é que Acuña estava mesmo fora da lista de Silas, facto que o Sporting justificava com uma mialgia sofrida pelo lateral na coxa esquerda. Pedro Mendes estava convocado e começava no banco de suplentes, enquanto que Bruno Fernandes — que tem estado a ser negociado por Frederico Varandas em Inglaterra, num negócio que pode levar o médio para o Manchester United — era titular.

Ficha de jogo

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V. Setúbal-Sporting, 1-3

16.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bonfim, em Setúbal

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

V. Setúbal: Milton Raphael, Mano, João Meira, Pirri, André Sousa, Leandro Vilela (Mansilla, 77’), Éber Bessa, Carlinhos, Zequinha, Mathiola (Leonardo Chão, 85’), Guedes

Suplentes não utilizados: Valido, João Serrão, Bruno Langa

Treinador: Julio Velázquez

Sporting: Maximiano, Ristovski, Coates, Mathieu, Borja, Battaglia, Bruno Fernandes, Wendel, Bolasie (Jesé, 77’), Vietto (Rafael Camacho, 67’), Luiz Phellype (Pedro Mendes, 76’)

Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Tiago Ilori, Eduardo, Gonzalo Plata, Pedro Mendes

Treinador: Silas

Golos: João Meira (ag, 27’), Bruno Fernandes (34’, gp e 90+4’), Carlinhos (63’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Luiz Phellype (1’), Leandro Vilela (26’), Pirri (33’), Coates (72’), Rafael Camacho (81’), Éber Bessa (82’)

Num Bonfim onde os apanha-bolas e vários adeptos estavam com máscaras e todas as portas na zona dos balneários tinham um papel onde se lia “perigo de contágio”, o V. Setúbal acabou por arrancar com mais intensidade do que o Sporting. Os sadinos cumpriram um interessante quarto de hora inicial, completando até mais remates e mais duelos ganhos do que os leões. A equipa de Silas, que tinha Battaglia numa zona mais recuada do meio-campo e Bruno Fernandes e Vietto a trocarem entre si uma posição mais interior e central e outra mais ambígua e próxima das alas, alcançou de forma algo natural o controlo do jogo, beneficiando também do progressivo recuar do V. Setúbal. O conjunto de Julio Velázquez estava muito compacto, com os setores muito próximos e densos, mas o overbooking de jogadores na faixa central que tornava difícil ao Sporting avançar por aí abria espaços no corredores, onde os laterais eram solicitados por passes longos e verticais.

Ristovski na direita e Borja na esquerda apareciam muitas vezes nas costas dos laterais adversários, a receber passes longos de Coates, Mathieu ou Battaglia, e abriam autênticas passadeiras vermelhas a Vietto e Bruno Fernandes, que conseguiam furar pelo espaço deixado livre pela defensiva sadina. O primeiro lance de perigo surgiu por intermédio de Bolasie (14′), que apareceu na esquerda a cruzar à procura de Luiz Phellype, e o golo que abriu o marcador foi originado a partir de uma jogada em tudo semelhante mas no lado contrário.

Ristovski recebeu na profundidade, tentou rematar em força e na diagonal mas a bola foi intercetada por João Meira, que desviou para a própria baliza (27′). Com o jogo a cair de intensidade de forma abrupta, Bruno Fernandes foi carregado em falta por Pirri no interior da grande área e acabou por assumir a conversão da grande penalidade, aumentando a vantagem leonina no Bonfim (34′). Numa primeira parte disputada a um ritmo muito lento, fruto da fragilidade dos jogadores do V. Setúbal mas também da gestão imposta pelos leões desde que ficaram em vantagem, foram feitos apenas dois remates à baliza e os sadinos cometeram apenas três faltas.

Na ida para o intervalo, o maior destaque ia eventualmente para Battaglia, que parecia ter escolhido o jogo perfeito para regressar à titularidade. Numa partida lenta e jogada a um ritmo baixo, o médio argentino voltava a ser o pêndulo do meio-campo leonino e estava praticamente exímio na primeira fase de construção, baixando para compensar a equipa entre os centrais ou avançando para oferecer linhas de passe a Wendel.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do V. Setúbal-Sporting:]

O jogo voltou para a segunda parte exatamente como tinha deixado a primeira: morno, lento e com poucos pontos de interesse. Pirri ofereceu o golo a Wendel mas o médio brasileiro quis oferecer a Vietto e acabou por perder a bola (47′) e a partida entrou novamente num vórtice de rara intensidade que permitia ao Sporting gerir a vantagem mas que também ia adormecendo a equipa de Silas.

As duas equipas acordaram para o jogo quando também as bancadas começaram a incentivar os respetivos jogadores, primeiro num sentido positivo e depois numa dinâmica de provocação, em que os apoiantes do V. Setúbal pareciam castigar os homólogos do Sporting pela decisão da Direção leonina de não permitir o adiamento da partida. Numa altura em que o Bonfim vivia o melhor momento do encontro fora das quatro linhas, Carlinhos tirou da manga um grande golo que agitou as águas e trouxe ao jogo o período mais interessante até então: Mathieu perdeu a bola ainda no meio-campo leonino e Carlinhos recolheu para depois atirar forte e de muito longe, sem grande hipótese para Maximiano (63′).

O golo de Carlinhos, que reduziu a desvantagem sadina, acabou por inspirar uma inédita reação do V. Setúbal que apanhou desprevenida a defesa do Sporting e trouxe mesmo um cabeceamento à trave de Guedes (75′). Além do golo sofrido, a equipa de Silas viu ainda Vietto sair lesionado — algo que preocupa desde já o treinador dos leões face ao dérbi da próxima sexta-feira — e Coates ver o quinto amarelo, ficando de fora do jogo com o Benfica em Alvalade. Silas renovou por completo o trio ofensivo, oferecendo a estreia na Liga a Pedro Mendes e lançando Jesé e Rafael Camacho, e Julio Velázquez reagiu com as entradas de Mansilla e Leonardo Chão.

A reação do V. Setúbal, até por motivos óbvios aliados às limitações físicas dos jogadores, não se prolongou até ao apito final e acabou por ser o Sporting, novamente por intermédio de Bruno Fernandes — que beneficiou de uma boa iniciativa individual de Rafael Camacho –, a chegar ao terceiro golo (90+4′). No final da partida, mesmo com a derrota, as bancadas do Bonfim aplaudiram durante largos instantes uma equipa do V. Setúbal que se mostrou sempre preparada para lutar pelo resultado e nunca desistiu do jogo.

O Sporting reagiu à derrota com o FC Porto na semana passada e regressou às vitórias, não deixando que o Famalicão fuja no terceiro lugar. Na antecâmara do dérbi de Alvalade com o Benfica, Coates acabou por ser o protagonista de uma versão diferente do filme “Contágio” que não é sobre os motivos mais óbvios: depois do golo sofrido, depois da lesão preocupante de Vietto, o central uruguaio não evitou ver o cartão amarelo numa falta totalmente evitável e fica de fora da receção ao Benfica.

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