“Não temos de estar alarmados, a natureza é assim, aparecem novos vírus, é preciso é estarmos atentos.” 24 horas depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter alertado os hospitais de todo o mundo para a possibilidade de se depararem com um novo vírus, equacionando até um cenário de contágio em massa, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, garantiu aos jornalistas que não há qualquer motivo para alarme. “Não há grande probabilidade de chegar a Portugal: mesmo na China o surto foi contido, para o vírus chegar cá seria necessário que alguma pessoa tivesse vindo da cidade afetada para Portugal”, explicou.
Concretamente sobre o novo vírus, um coronavírus, da mesma família que o SARS, que em 2003 afetou 8.098 pessoas em todo o mundo e provocou a morte a 774, Graça Freitas explicou que, depois de ter sido confirmado o surto na cidade chinesa de Huhan, já foi decifrado o genoma e estabelecido que a a transmissão não ocorre de forma rápida ou sequer facilitada. “Um dos indicadores que nos deixa tranquilos é o facto de nenhum dos profissionais de saúde que trataram estes doentes em internamento, inicialmente mesmo sem saberem o que era, ter, até à data, adoecido; ao contrário do que aconteceu com a pneumonia atípica, o SARS, em 2003, em que os profissionais de saúde foram muito abrangidos pela doença e morreram muito, por estarem em contacto com os doentes”.
Para já, acrescentou a diretora-geral de saúde, o surto estará “circunscrito” à cidade chinesa onde ocorreu, tendo o número de doentes estabilizado nos 59. Sobre o paciente que entretanto morreu, explicou tratar-se de um homem “muito debilitado” e com “muita patologia à partida”. “Muitos dos outros já tiveram até alta”, garantiu.
Todos os pacientes infetados com o novo vírus, cujo sintoma inicial é a dificuldade em respirar e que provoca pneumonia bilateral, teriam ligação a um mesmo mercado de peixe da cidade de Huhan, que foi entretanto encerrado, acrescentou ainda Graça Freitas, que fez questão de frisar a “fraquíssima possibilidade” de transmissão do vírus de pessoa para pessoa.
Questionada sobre o alerta de potencial contágio em massa emitido pela OMS, a diretora-geral de Saúde foi taxativa: “É um bocadinho excessivo, obviamente há sempre esse potencial na natureza, mas neste caso não há evidencia de contágio entre pessoas, sem a qual não pode existir essa massificação. A eventual propagação não é uma hipótese neste momento a ser equacionada”.
“Neste momento não há nenhum motivo para alarme nem sequer para alerta”, concluiu, explicando que, como este novo coronavírus, foi detetado recentemente um outro, da mesma família, no Médio Oriente, transmissível entre animais, sobretudo camelos, e humanos. “Acompanhamos este novo vírus como estamos a vigiar também o do Médio Oriente.”