André Ventura prometeu que irá proceder a um “controlo o mais efetivo possível da origem, objetivos e militância ideológica” dos seus dirigentes e militantes, após a publicação de uma reportagem, esta quinta-feira, na Sábado (edição papel), que avançou com a notícia da infiltração de nacionalistas, extremistas e movimentos neonazis nos órgãos sociais do Chega.
O deputado, que não desmentiu a reportagem, assumiu numa conferência de imprensa que, enquanto líder de um partido democrático, “não vou tolerar qualquer presença em órgãos dirigentes de militantes que estejam ou tenham estado ligados quer a atos violentos, ou subversivos, quer ligados a movimentos extremistas, violentos ou racistas. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que isso não aconteça”. E, se se provar que há dirigentes nessas condições, ser-lhes-á retirada a confiança política, ao passo que os casos dos militantes serão entregues ao conselho de jurisdição.

Segundo a investigação da Sábado, Luís Filipe Graça, atual presidente da Mesa da Convenção do partido Chega, foi líder do núcleo de Cascais da Nova Ordem Social (NOS), o movimento neonazi liderado por Mário Machado. E não é o único dentro do partido de André Ventura oriundo de movimentos e partidos de extrema direita, acrescenta ainda a publicação. Pelo menos cinco militantes ligados à extrema-direita portuguesa ocupam cargos de responsabilidade no Chega. Confrontado com essas acusações, André Ventura reconheceu para já que Luís Graça já desmentiu qualquer relação com o NOS.

O facto do movimento NOS ter sido extinto em Novembro de 2019, por decisão do antigo líder skinhead, poderá ter contribuído para a entrada em fluxo de inúmeros de militantes extremistas. De acordo com a investigação, terá sido o próprio líder skinhead a aconselhar os ex-militantes a filiarem-se no Chega.

Ventura argumenta que o partido está atento a esse fenómeno mas que ainda não dispõe de estruturas que lhe permitam fazer a triagem dos militantes. Neste momento, o partido conta com mais de oito mil militantes. “Desde as eleições legislativas, crescemos mais de mil por cento. Só ontem, filiaram-se no partido centenas de pessoas. A grande maioria, 85%, inscreve-se através do site. É impossível fazer um rastreio a todos mas vamos ficar atentos às inscrições em fluxo e, de acordo com o espírito da lei, fazer uma pesquisa sobre o seu passado político“. Para já, o controlo interno passa por alterar as fichas de inscrição no partido, que passam a incluir perguntas obrigatórias sobre a pertença a movimentos e partidos nos últimos cinco anos, assim como a origem ideológica do militante. O cruzamento da informação existente sobre os militantes com os perfis públicos em redes sociais é outro dos pontos a desenvolver.

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