Entrar no recém-inaugurado Circle não se assemelha propriamente à experiência de um ginásio convencional. O que começa por ser uma visão branca e desafogada, descidas as escadas, ganha outros contornos. Quando achávamos que de um ginásio não podiam vir surpresas, eis que estes estúdios, pintados de negro e repletos de estímulos luminosos e sonoros, são diferentes de tudo o que já vimos por cá. Por incrível que pareça, aqui treina-se, seguindo uma filosofia bem mais holística do que a que impera nas tradicionais salas de máquinas.
“É um treino imprevisível e imersivo, em que temos de reagir a estímulos visuais e sonoros. No fundo, é como se fosse um jogo”, explica Noor Palma, diretora do Circle, ao Observador. Os estímulos de que fala podem vir do chão, das paredes ou até mesmo de um dos muitos ecrãs que equipam os estúdios. Uns exigem velocidade, outros pedem exercícios de coordenação, resistência, agilidade e força.
O segredo está bem guardado — Prama, uma plataforma interativa e dinâmica de treinos automatizados que pode, pela primeira vez, ser experimentada em Portugal. A tecnologia entra em ação permitindo adequar o exercício às exigências e à condição física dos clientes, do treino comum às sessões para crianças, passando pelos programas para seniores, para atletas e ainda para abrandar o ritmo, com princípios do yoga e do pilates. Em suma, a tecnologia é usada também para criar uma conexão entre as pessoas que treinam juntas.
Num estúdio dividido em estações, quem treina obedece às indicações de um software invisível, embora permaneça sob a orientação de um dos 13 instrutores da casa. As sessões em grupo não são a única possibilidade no Circle. Numa outra sala, com capacidade para dez pessoas, as máquinas e acessórios estão ali para complementar os treinos personalizados. Os programas à medida são, aliás, uma das apostas do Circle, que se propõe a ajudar atletas em recuperação.
Aqui, o conceito de saúde distancia-se de uma forma física padronizada. Além do exercício físico propriamente dito, existem dois gabinetes de massagens e um consultório de osteopatia e nutrição, nas vertentes funcional e comportamental. “Queremos adotar uma perspetiva educacional. A saúde tem muito a ver com a nossa parte emocional, o nosso corpo é só um reflexo disso. Quando estamos a trabalhar o corpo, vamos também trabalhar a mente”, afirma Noor Palma.
É por isso que a entrada dará lugar ao Incircle, uma agenda de conversas com arranque prometido para breve. As receitas saudáveis do projeto TU by Ela Canela também estão a caminho do Circle. Numa área com porta para a rua, a abertura está prevista ainda para o início do ano e faz parte da estratégia de humanização deste espaço. “A verdade é que os ginásios não costumam ser espaços agradáveis. Mas aqui, as pessoas podem vir para trabalhar, podem ficar a beber um chá”, continua Noor, que há quatro anos começou a pensar em como poderia revolucionar o conceito de ginásio.
O primeiro Circle abriu portas nas Avenidas Novas e quer posicionar-se num segmento de luxo, o que também passa pela atenção dada a pequenos pormenores — produtos The Body Shop nos balneários e uma aplicação que permite marcar aulas, treinos e validar a entrada no ginásio são só alguns exemplos. A mensalidade base é de 89 euros, mas com a possibilidade de comprar aulas ou de experimentar os treinos durante um dia (35 euros) ou uma semana (60 euros).
A diretora fala ainda na intenção de criar uma marca que vá além de uma rede de ginásios. Uma livraria? Uma clínica? Talvez, mas para já o Circle tem uma missão bem mais urgente, a de mostrar uma nova forma de pôr a tecnologia ao serviço da saúde e do bem-estar.
Nome: Circle
Morada: Rua Marquês Sá da Bandeira, 16 A-B, Lisboa
Telefone: 21 589 4861
Horário: de segunda a sexta-feira, das 7h às 21h, e sábado, das 9h às 14h