Cinco dias depois de assumir o cargo, a diretora-geral no Ministério da Igualdade de Espanha, Alba González, sai do cargo para dar lugar a alguém que dê mais visibilidade a “grupos racializados”. Ou seja, escrevem os jornais espanhóis como o El Mundo, por ser branca — e vai dar lugar à primeira deputada negra do parlamento espanhol. É a primeira baixa no ministério liderado por Irene Montero, mulher do líder do Podemos, Pablo Iglesias.
A vereadora de Gijon reagiu assim aos comentários de ativistas antiracistas nas redes sociais que criticaram o facto de ser uma mulher branca a diretora de Igualdade de Tratamento e Diversidade Étnico-Racial, um cargo que pretende dar visibilidade a outras etnias, explica o El Periódico.
O mesmo jornal cita Guillem Balboa Buika, porta-voz (nascido na Guiné Equatorial) da coligação Mes per Mallorca: “Adoro este cinismo dos brancos. Ou será cegueira? Directora de Diversidade Étnico Racial? E que tal um homem a dirigir o Instituto da Mulher ou um hetero na Diversidade Sexual e LGTBI? Que grande oportunidade desperdiçada!”.
E a associação Afroféminas, fundada por Antoinette Torres Solerela, investigadora social de origem cubana comentara: “Começamos mal. À frente de uma direção geral de Igualdade de Tratamento e Diversidade Étnico-Racial colocou-se uma senhora branca. Irene Montero, não há pessoas racializadas que possam ocupar esse cargo? Desprezam-nos una vez mais”.
Alba González, autarca do Podemos em Gijón, que na segunda-feira tinha assumido o novo cargo, considerando ser uma honra, um orgulho e uma enorme responsabilidade”, despediu-se na quarta-feira de manhã da Câmara de Gijon mas à noite já tornava pública a sua decisão de não ocupar o lugar. Escreveu no Twitter: “Se sabemos algo sobre o feminismo é que a representação e o simbolismo são coisas importantes”. A investigadora ligada ao Podemos acrescenta que organizou “a equipa do ministério para que haja uma presença visível de mulheres pertencentes a grupos racializados”.
Si algo sabemos en el feminismo es que la representación y lo simbólico importan. Hemos reorganizado el equipo de este Ministerio para que haya una presencia visible de mujeres pertenecientes a colectivos racializados. Eso significa que no asumiré la Dirección General (1/4)
— Alba González Sanz (@albagsanz) January 15, 2020
Assim, a responsável decidiu que não irá assumir o cargo de diretora-geral, sendo substituída por Rita Bosaho, uma mulher negra que é militante do Podemos e que nasceu na Guiné-Equatorial (tem, também, nacionalidade espanhola). Foi primeira mulher negra a ser eleita para o parlamento espanhol, em 2015.
Já Alba González desejou muita sorte ao departamento, pondo-se “à disposição de algo em que possa ser útil nesta tarefa” de aumentar a diversidade nos cargos de responsabilidade em Espanha.
Deseo mucho ánimo, suerte y buen tino a la compañera que ocupe el puesto, y me pongo a su disposición si en algo puedo serle de utilidad en la tarea, amplia y diversa, que tiene por delante (3/4)
— Alba González Sanz (@albagsanz) January 15, 2020