A Price Waterhouse Coopers (PwC), que seria consultora financeira da Unitel quando Isabel dos Santos alegadamente desviou dinheiro da empresa de telecomunicações para uma companhia privada da empresária, rompeu negócios com a filha do ex-presidente Eduardo dos Santos e vai abrir uma investigação interna sobre os dados publicados este domingo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

Investigação internacional acusa Isabel dos Santos de alegadamente ter desviado 115 milhões de dólares da Sonangol

A notícia está a ser avançada pela BBC, um dos órgãos de comunicação social envolvidos na investigação que conta como Isabel dos Santos terá construído um império multimilionário ao desviar 115 milhões de dólares (cerca de 104 milhões de euros) da Sonangol para uma conta offshore de uma amiga e sócia no Dubai.

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“Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, respondeu a PwC à BBC. E termina: “Não hesitaremos em tomar as medidas apropriadas para garantir que defendemos sempre os mais altos padrões de comportamento, onde quer que operemos no mundo”.

Em declarações à BBC, Tom Keatinge, diretor do Centro para o Crime Financeiro e Estudos de Segurança britânico, aponta o dedo à consultora financeira, dizendo que, “se não facilitou a corrupção, está a dar uma aparência de respeitabilidade que torna o que está a acontecer aceitável ou mais aceitável do que poderia ser”.

Davos desconvida Isabel dos Santos

Isabel dos Santos estava convidada para o Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, mas o nome da angolana deixou de constar na lista de presenças do evento desde que a investigação do consórcio de jornalistas foi publicado no domingo, notou o The Guardian. A presença de Isabel dos Santos estava relacionada com o facto de a Unitel ser patrocinadora do evento, mas a organização diz que está a “reavaliar” a participação da empresa.

É uma das reações internacionais à publicação dos documentos que incriminam Isabel dos Santos num esquema de corrupção com que terá erguido a sua fortuna. A deputada Ana Gomes também pediu consequências para os responsáveis portugueses que ajudaram a desenvolver os negócios e que os permitiram: “Os doutores Carlos Costa do Banco de Portugal e Teixeira dos Santos do Eurobic já se demitiram? Estão à espera de quê?”.

Isabel dos Santos tem negado o desvio do dinheiro e não pára de atacar os Luanda Leaks, como ficou conhecida esta investigação: “Racismo”, “documentos falsos”, “mentiras” e “ataque político”.