O Presidente da República garantiu esta quinta-feira que “o Governo acompanhou, desde o início, a situação dos portugueses” que se encontram na China. Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas depois de o avião fretado para ir buscar os 17 portugueses à região chinesa de Wuhan ter saído de Beja em direção a Paris, onde vai buscar a equipa médica.

O Presidente assegurou que “Portugal está a acompanhar atentamente aqueles portugueses que quiseram vir”. “Pessoalmente, sou testemunha nisso, uma vez que tenho netos que vivem na China“, disse Marcelo. “Há todo um conjunto de medidas tomadas para garantir que, uma vez chegados, estão criadas as condições adequadas para lidar com a sua situação. Portugal está em coordenação permanente com a OMS”, acrescentou.

O avião que saiu esta quinta-feira de Beja foi fretado pelo Governo francês e parte para a China até sábado para repatriar pelo menos 133 cidadãos da União Europeia (UE), incluindo 17 portugueses, devido ao coronavírus, informou fonte europeia. Fonte europeia disse à agência Lusa que este avião está agora em Paris, onde foi buscar equipa médica e, “na sexta-feira ou sábado”, partirá para a região chinesa de Wuhan.

Segundo o jornal Público, os portugueses vão viajar de Paris para Lisboa num avião militar C130 e chegarão ao terminal Figo Maduro, em Lisboa, no sábado de manhã. A SIC acrescenta que os portugueses viajam com uma equipa médica que vai buscá-los a uma base militar perto de Marselha no sábado, pelas 10h30.

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O Jornal de Notícias adianta ainda que os 17 portugueses — que estão a receber informação da Embaixada de Portugal em Pequim via rede “WeChat” — vão aguardar isolados em casa enquanto aguardam que uma carrinha da embaixada portuguesa os vá buscar, um a um. Até às 17h00 locais de sexta-feira devem ter as bagagens prontas. Às 18h00 locais desse mesmo dia terão de estar no consulado da China, onde irão reunir-se com autoridades de saúde.

Até esta manhã, de acordo com a mesma fonte, estava confirmado o repatriamento de 133 cidadãos de 16 Estados-membros da UE: Áustria, Bélgica, Croácia, República Checa, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Letónia, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Espanha e Suécia. A fonte confirmou que, como a Lusa já tinha noticiado, serão 17 os portugueses repatriados de Wuhan. A estes acrescem cidadãos de outros países de fora da União, como a Noruega ou Turquia, acrescentou.

O percurso do avião registado segundo os dados recolhidos pela Flight Radar

O avião da companhia aérea privada Hi Fly, que vai fazer o repatriamento de portugueses e outros europeus desde aquela cidade, situada no centro da China, saiu na manhã desta quinta-feira da base aérea n.º 11 de Beja, às 10h06. O Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, partiu do aeroporto de Beja, porque, atualmente, é o único aeroporto em Portugal capaz de o receber e é onde a companhia Hi Fly tem uma das suas bases para estacionamento e manutenção de linha dos seus aviões.

Não se sabe, para já, quando e em que aeroporto de França irá este avião aterrar quando regressar da China, visto que as autoridades francesas ainda estão a estudar as opções, mas certo é que os cidadãos repatriados têm de assinar uma declaração em que se comprometem a ficar de quarentena quando voltam à UE. Também é certo que só os cidadãos saudáveis e sem sintomas vão poder viajar, sendo dada prioridade para viajar aos grupos mais vulneráveis, como famílias com crianças e idosos.

O mesmo procedimento será adotado para o primeiro avião que saiu esta madrugada, pelas 04h45, de Paris, com destino para Wuhan. Trata-se de um avião militar francês que vai repatriar 250 cidadãos franceses em Wuhan. A Comissão Europeia ativou na passada terça-feira o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido de França.

Ao todo, cerca de 600 cidadãos da UE já pediram para deixar a China devido ao coronavírus. Fontes europeias adiantaram à Lusa que as autoridades chinesas estão a colocar alguns entraves à movimentação de pessoas e à aterragem destes aviões.

O epicentro da epidemia do novo coronavírus está localizado na cidade de Wuhan, na República Popular da China, país onde já há 170 mortos sendo que mais de 7.700 pessoas se encontram infetadas.

Além da China e dos territórios chineses de Macau e Hong Kong, há pelos menos 50 casos confirmados do novo coronavírus em 18 outros países – na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia.