“100% e seguramente são dois pressupostos difíceis” nestes projetos, disse na manhã desta segunda-feira Miguel Fontes, diretor da Startup Lisboa, numa reunião que fez o ponto de situação sobre a construção do Hub Criativo do Beato (HCB), para jornalistas. O espaço na margem do Tejo está prometido desde 2016 como “uma das maiores incubadoras da Europa”. Era suposto estar finalizado em 2019, mas continua inoperacional. Contudo, em janeiro deste ano, começaram as “obras de infraestruras” (esgotos, gás, telecomunicações, criar o estaleiro da obra, etc.). O responsável da Startup Lisboa espera que o primeiro edifício, o Factory, uma incubadora alemã, seja finalmente concluído até ao final deste ano (era para estar concluído no final de 2018).

Lisboa vai ter um dos maiores hubs da Europa. E, se correr bem, mais três mil empregos

Atualmente, as promessas da Startup Lisboa, uma incubadora de empresas fundada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), o IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação), o Invest Lisboa e o banco Montepio Geral, são cautelosas. Praticamente todos os edifícios da antiga Manutenção Militar — espaço que será o HCB, onde estavam fábricas e serviços do exército — já tem destinos alocados por “memorandos de entendimentos”.

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Como estes memorandos não estão fechados, o responsável da gestão deste projeto falou apenas dos contratos que já foram fechados, como os escritórios da Web Summit, do espaço Browers Beato, do grupo Super Bock, do edifício da EGEAC (Empresa [municipal lisboeta] de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) ou dos escritórios da Mercedez.io, entre outras parcerias com empresas como a Delta.

Como se espera que ficará o Hub do Beato Criativo. Atualmente, o estaleiro e o Factory Lisbon estão a ter intervenções

Com o atrasar do projeto, tanto a Web Summit como a Mercedez já instalaram os seus espaços noutros locais em Lisboa, mas continua a haver a expectativa — e trabalho — para que cheguem ao Beato. As parcerias, na voz de Miguel Fontes, continuam, “sem exceção, plenamente vivas”. Apesar de não ocuparem edifícios próprios, estas empresas vão estar “dentro de um” dos que será reabilitado pelas outras entidades.

Atualmente, as expectativas dos responsáveis do projeto é que este seja inaugurado em três fases. A primeira, que terá “o Factory, o edifício da Startup Lisboa, o espaço da Super Bock e Serviços”, vai ser a primeira a abrir portas.

Depois, numa segunda fase sem datas anunciadas, será aberto o espaço da EGEAC, o espaço de coliving (habitações partilhadas) — que está atualmente a ser negociado com uma entidade não revelada —, e para as “indústrias criativas”. Por fim, na terceira fase, surgirá um parque de estacionamento de seis andares, que ligará a Rua da Manutenção e a Rua do Grilo, e a construção “do único edifício que não será reabilitado”, que ocupará o espaço do estaleiro. O responsável da Startup Lisboa adiantou que é vontade da entidade cativar para este novo edifício “uma grande tecnológica”.

[O espaço do estaleiro] vai ser a última fase e construir a única construção de raiz com quatro pisos com cerca de sete mil metros quadrados de construção em que a ideia possa ser a  casa de um grande projeto ligado a uma tecnológica. Temos recebido várias manifestações de interesses. Sabemos o perfil de entidade que queríamos ver aqui sediada”, diz Miguel Fontes.

Esta manhã, Miguel Fontes e José Mota Leal, gestor do projeto pela Startup Lisboa, fizeram também uma visita guiada aos jornalistas do espaço no Beato. Espera-se que as obras do estaleiro e infraestruturas estejam concluídas até junho deste ano. Até agora, estão a ser investidos cerca de cinco milhões de euros por parte da CML para a requalificação deste espaço. Além deste montante, a Startup Lisboa estima que sejam injetados nesta obra cerca de 50 milhões de euros para as outras estruturas necessárias por parte de entidades terceiras, sejam privadas, como o grupo Super Bock, ou de cariz público, como a EGEAC.

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Apesar de a obra ter como “uma âncora reabilitar esta zona [o Beato] da cidade”, Miguel Fontes afirma: “O que nos move não é um grande projeto imobiliário, é um conceito”. Este conceito, explica o próprio, continua a ser a criação de um grande espaço para cativar novos empreendedores mas que também sirva a cidade. O objetivo é criar “um espaço aberto à comunidade com zonas de trabalho, lazer e cultura que se cruzam numa nova dinâmica”. Além disso, e na senda do que tem sido promovido pela CML na cidade, este será um espaço “livre de circulação automóvel dentro do seu próprio espaço” e com “boas práticas de sustentabilidade”. Isto tudo, preservando “o património e herança industrial da Manutenção Militar”.

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Quando estiver concluído, o Hub Creativo do Beato será um espaço que terá 18 edifícios, distribuídos por cerca de 35 mil metros quadrados e que estão a ser requalificados para receber várias entidades nacionais e internacionais de tecnologia, inovação e indústrias criativas em Lisboa. A Câmara Municipal de Lisboa tem manifestado o interesse de, futuramente, adquirir também ao Estado os espaço do exército acima da Rua do Grilo para futura requalificação urbana da área, tendo esta intenção constado numa verba de 20,3 milhões de euros no orçamento municipal de 2019.