Regar ou não regar? Afogar lentamente ou condenar a planta a agonizar na sua própria secura? O dilema é frequente e resulta, não poucas vezes, em frustração. Não conseguir regar uma planta na dose certa ou simplesmente não conseguir programar a memória para fazê-lo a tempo e horas é o mal de muito boa gente. No ano passado, o problema fez Filipa Alcobia Ferreira e Paulo Destapado começaram a puxar pela cabeça.
Produzir em Portugal e com materiais exclusivamente portugueses foi ponto assente desde o início. Mas como é que um vaso pode manter a terra húmida sem que o cuidador tenha de verter uma gota de água, pelo menos, durante sete dias? “O mais complicado foi mesmo chegar à parte superior do vaso. Fizemos vários testes para que a cerâmica tivesse a porosidade certa, de forma a absorver a água do recipiente inferior, que por sua vez é absorvida lentamente pela planta”, explica Filipa ao Observador.
Ela vem do marketing e da comunicação, ele da produção de conteúdos digitais. Somadas as partes, o resultado era zero experiência no ramo da cerâmica. “Utilizámos os recursos disponíveis” — Filipa refere-se à FAPOR, fábrica de loiças decorativas e utensílios de cozinha em faiança localizada na Batalha e que, por relações familiares, acabou por ser a incubadora da Easy Flora. Para já, a pequena dimensão do vaso está pensada para ervas aromáticas e os testes feitos apontam para sete dias de autonomia, no mínimo. Saber quando é que está na altura de voltar a pôr água é fácil, basta ver se o recipiente inferior já está vazio.
“O mecanismo já está patenteado, é o primeiro no mundo a garantir a auto-irrigação através da cerâmica”, esclarece Filipa. “Existem outros mecanismos, mas são vasos feitos de plástico e isso foi logo o que quisemos eliminar”, continua Filipa. Na FAPOR, onde os vasos da Easy Flora são produzidos, o processo segue outros exemplos ambientalmente conscientes. Todas as sobras de faiança (cacos, em bom rigor) são incluídos novamente na produção. Se não é zero, o desperdício anda lá perto.
Estes vasos, disponíveis em branco e em cinzento, chegaram ao mercado em dezembro. Agora, a dupla quer investir em divulgação — em Portugal, mas também além-fronteiras. No último mês, a dupla de empreendedores passou pela Maison et Objet, mostra de referência na área do design de interiores. “Ficámos muito surpreendidos por perceber que não havia concorrência simplesmente”, acrescenta Filipa. Na mesma feira, quiseram comprar-lhes o vaso e levá-lo para longe, deixando para trás o nome original. Filipa e Paulo recusaram, até porque de onde veio esta ideia podem surgir muitas mais.
O próximo passo será adaptar o engenho a vasos de maiores dimensões, levá-los para espaços públicos (por enquanto estão à venda na loja online, mas a ideia é pô-los em concept stores) e até convidar artistas para lhes darem um toque especial. O mundo aguarda ansiosamente, na esperança de garantir a sobrevivência das suas plantas domésticas.
Nome: Easy Flora
Data: 2019
Ponto de venda: loja online
Preço: 34,90 euros
100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.