As máscaras cirúrgicas estão a esgotar nas farmácias portuguesas à conta do surto de coronavírus (noutros países). O aumento da procura já inflacionou os preços em mais de 50%. E também tem havido dificuldade em encontrar líquidos desinfetantes para as mãos, avançou Manuela Pacheco, presidente da Associação de Farmácias de Portugal, em declarações ao Observador.
Segundo Manuela Pacheco, “há falta de máscaras e temos dificuldade em adquiri-las”: “Chegamos a ter farmácias a pedir 500 máscaras de cada tipo, mas os fornecedores mantêm dificuldade dificuldade em arranjá-las e os preços vêm inflacionados”, confirmou a presidente ao Observador. Os armazenistas “têm os stocks a zeros” e só no fim de semana saberão se conseguirão repo-los.
A preocupação em torno do surto de coronavírus, que invadiu a Itália e está a chegar a Espanha, aumentou a procura por máscaras em Portugal. As mais compradas são as cirúrgicas e essas “não conseguimos arranjar”, confirma Manuela Pacheco. As máscaras N95 também são adequadas para proteger as vias respiratórias do vírus, mas, embora ainda estejam disponíveis, são mais caras entre três e nove euros porque “são mais resistentes e têm uma válvula que facilita a utilização”, descreveu a farmacêutica.
Além da falta de máscaras, Manuela Pacheco confirmou que “há dificuldade” em encontrar desinfetantes: “Quando os conseguimos, não é na quantidade que precisamos”, explicou. A presidente da Associação de Farmácias de Portugal descreve que recebeu uma encomenda para 20 caixas de dispensadores de desinfetante, mas só conseguiu arranjar seis. E foi “por especial favor”, garante.
Apesar da corrida às máscaras e desinfetantes nas farmácias, a Direção-Geral de Saúde continua a recordar que o uso dos protetores faciais não é necessário para a população em geral. A mensagem é repetida por Manuela Pacheco: “Na maior parte dos casos, não faz sentido de todo a utilização de máscaras. Uma pessoa que esteja saudável não tem de as usar. Isso só faz sentido no caso de pessoas que já estejam debilitadas e que saiam à rua para um local onde haja um possível foco de contágio”.
Mais: utilizar as máscaras e dispensá-las mais tarde pode mesmo ser perigoso para a saúde. Se um utilizador estiver doente, mas não apresentar sintomas, o vírus pode permanecer na máscara e constituir um novo foco de disseminação da doença caso seja abandonada sem cuidado. Numa situação normal, os materiais com agentes patogénicos devem ser destruídas em hospitais — o que só acontece após a pessoa estar a ser tratada num centro hospitalar.
As mais recentes indicações das autoridades de saúde dizem que se deve tapar o nariz ou a boca quando se espirra ou tosse, lavar as mãos regularmente com água ou sabão, evitar a partilha de objetos e comida; e manter um maior distanciamento às outras pessoas. “Ao dia de hoje, é importante que não haja abraços e beijinhos, que cumprimento seja cordial mas sem grande achega. São medidas preventivas que também devem incluir um maior cuidado com a higiene das mãos”, resume Manuela Pacheco.