Há um novo satélite natural a orbitar a Terra, anunciou o Observatório Astrofísico Smithsonian. Chama-se 2020 CD3, tem o tamanho de um carro, dá uma volta ao planeta a cada 47 dias e ficou preso na força gravítica da Terra há três anos. Mas é sol — ou, neste caso, lua — de pouca dura: a órbita de 2020 CD3, que é oval e chega a afastar-se muito da Terra, sugere que um dia escapará do campo de atração do planeta.
BIG NEWS (thread 1/3). Earth has a new temporarily captured object/Possible mini-moon called 2020 CD3. On the night of Feb. 15, my Catalina Sky Survey teammate Teddy Pruyne and I found a 20th magnitude object. Here are the discovery images. pic.twitter.com/zLkXyGAkZl
— Kacper Wierzchos (@WierzchosKacper) February 26, 2020
Tudo começou quando, a 15 de fevereiro, os astrónomos Kacper Wierzchos e Teddy Pruyne encontraram um objeto com brilho muito ténue a atravessar o céu nas Montanhas Catalina, no estado norte-americano do Texas. Quatro dias depois, outros seis observatórios relataram ter encontrado o mesmo objeto naquela noite. Tinha entre 1,90 e 3,50 metros de diâmetro e parecia orbitar a Terra há três anos.
Uma análise aos dados recolhidos ao objeto mistério concluiu que 2020 CD3 é um asteroide Amor — o nome dado aos objetos deste tipo que circulam em redor do Sol numa órbita entre a Terra e Marte; e entra também na categoria Apolo porque está mais tempo perto de nós do que do Planeta Vermelho. 2020 CD3 é essencialmente composto por carbono, tal como 75% dos outros asteroides conhecidos pelos cientistas.
Mas 2020 CD3 está apenas de visita, avisaram os astrónomos. A órbita que o asteroide completa em redor da Terra é tão instável que o mais provável é acabar por escapar à força gravítica da Terra e reduzir o número de satélites naturais terrestres novamente para apenas um — a fiel Lua, que está na nossa vizinhança há 4,5 mil milhões de anos. 2020 CD3 deve partir para outras bandas já em abril deste ano.
Here's an animated GIF of our new mini-moon 2020 CD3, discovered by @WierzchosKacper. Rotating frame keeps the Earth/Sun line stationary. Orbital elements courtesy of IUA MPEC. https://t.co/dok3jn3G9hhttps://t.co/x1DXWLq2vm pic.twitter.com/O3eRaOIYjB
— Tony Dunn (@tony873004) February 26, 2020
Ainda assim, a curta relação entre a Terra e este asteroide é importante para a astronomia. Entre os milhões de asteroides conhecidos no Sistema Solar, e entre os quase 7.500 que orbitam o Sol algures entre a Terra e Marte, apenas dois deles chegaram a ser captados para o campo gravítico do nosso planeta. Antes de 2020 CD3, apenas 2006 RH120 tinha feito uma visita semelhante à Terra.
2006 RH120 surgiu a orbitar a Terra entre setembro de 2006 e junho de 2007, altura em que escapou do campo gravítico da Terra e regressou à órbita que costuma fazer em torno do Sol. Este asteroide, que tinha entre dois e três metros, nunca mais visitou a Terra, mas isso pode acontecer novamente. De vez em quando, 2006 RH120 aproxima-se tanto da Terra que pode mesmo juntar-se à Lua no bailado em torno do nosso planeta. Mas voltará a escapar, tal como acontecerá com 2020 CD3.