A mobilidade urbana está também a preparar-se para o coronavírus. A Uber e a Kapten (incluindo a FreeNow, antiga MyTaxi, do mesmo grupo da Katpen) vão dar uma compensação “por um período de até 14 dias”. No caso da Uber, esta será dada a todos os motoristas e estafetas que utilizem as plataformas e, por causa do coronavírus, sejam “colocados em quarentena por uma autoridade de saúde pública”. Já a Kapten afirma que dará compensação a condutores infetados com o vírus confirmados. Esta quarta-feira, a Federação Portuguesa do Táxi vai criar plano de contingência para “riscos de contágio aos profissionais do táxi e seus passageiros”.

Trabalhamos diariamente para ajudar a garantir a segurança de todos na plataforma Uber e continuamos preocupados com a situação atual. Temos uma equipa global de especialistas dedicada às operações, segurança e proteção da Uber — sob orientação de recomendações por parte de uma consultora especializada na área da saúde — e que trabalha para responder conforme necessário em cada mercado que operamos, em todo o mundo. Continuamos em contacto próximo com as organizações locais de saúde pública e continuaremos a seguir as suas recomendações”, afirma a Uber.

Até à hora de publicação deste artigo, o Observador questionou as principais operadoras destes transporte em Portugal sobre medidas de prevenção em relação ao coronavírus estão a ser implementadas — como desinfetante nos veículos para passageiros ou a utilização de luvas por parte de motoristas. A Bolt disse que não irá comentar o tema. A Uber afirma que está a trabalhar com as autoridades de saúde, não adiantando se irá ou não exigir medidas adicionais de higiene aos motoristas. Já a Kapten diz que está a “suspender o atendimento presencial, optando por reforçar o atendimento remoto, seja via telefone ou e-mail”.

A Free Now e a Kapten – plataformas de mobilidade que pertencem ao mesmo Grupo e que em breve vão integrar uma única app – estão atentas à situação e a disponibilizar o máximo de apoio possível. Elaborámos uma lista de recomendações alinhadas com base nas indicações dadas pela Direção Geral de Saúde e que partilhámos com os nossos motoristas e parceiros”, diz Sérgio Pereira diretor geral da Free Now e da Kapten Portugal.

A Uber foi a primeira plataforma de transporte de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE) a anunciar que está a aplicar uma compensação em caso de quarentena e, segundo fonte oficial, “isto já está a decorrer em alguns mercados”. “Acreditamos que isso é o mais certo a fazer”, avançou a empresa. Os motoristas destas plataformas, por norma, não têm contrato de trabalho ou trabalham por sua conta através de empresa própria criada para o efeito. A mesma medida aplica-se também a estafetas da plataforma de entrega de comida Uber Eats. O Observador não obteve resposta da Glovo sobre que medidas está a aplicar.

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De acordo com a Kapten, concorrente da Uber e a segunda TVDE a anunciar um possível apoio, tem havido “um compreensível e ligeiro abrandamento” do serviço, mas a empresa não considera que houve “um acentuado decréscimo da atividade”. “Estamos a estudar e a preparar medidas de modo a podermos agir e atenuar eventuais efeitos económicos que esta situação possa vir a provocar na nossa atividade e dos nossos motoristas”, diz ainda o responsável da TVDE e plataforma de táxi.

No que concerne à atividade dos motoristas, no caso de ser identificado algum caso de infeção por coronavírus, a Free Now e a Kapten vão compensar financeiramente esse motorista, durante um período mínimo de 14 dias”, diz a Kapten.

A compensação “durante um período mínimo de 14 dias” por parte da Kapten a motoristas que possam vir a ser infetados com o vírus será feita tendo por base “a remuneração obtida pelo respetivo motorista nos últimos 14 dias”.

Federação Portuguesa do Táxi pediu reunião urgente à DGS e vai criar plano de contingência

A Federação Portuguesa do Táxi adiantou ao Observador que “pediu uma reunião com caráter de urgência à Direção Geral de Saúde, a 28 de fevereiro, para esclarecimentos e recomendações sobre o assunto Covid-19″. Contudo, até ao momento, não obteve qualquer resposta.

Questionada sobre a medida implementada pela Uber, a associação de taxistas defendeu-se dizendo que “não sendo uma entidade patronal, apenas pode prestar apoio jurídico e administrativo, no quadro da Lei do Trabalho, aos profissionais que sejam obrigados a isolamento por motivos de doença”.

Esta quarta-feira, a associação vai realizar uma reunião com o “corpo clínico da FPT para que seja desenhado um plano de contingência que minimize os riscos de contágio aos profissionais do táxi e seus passageiros”.

José Domingos, diretor na Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), afirmou que esta associação “está analisar esta situação” e em contacto com os responsáveis de saúde e governamentais, tendo, para já, afixado na sua sede um papel com as recomendações da DGS para os seus associados.