O ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, não concorda com a forma como está a ser feita a gestão do coronavírus em Portugal. Foi isso que deixou claro numa publicação feita na noite desta quarta-feira no Facebook. Num post que, entretanto, passou a ser visível apenas para os que o seguem naquela rede social, o antecessor da ministra Marta Temido escreve que ainda há uma “janela de oportunidade para fazer o melhor possível”, mas que “parece evidente que a cada hora que passa ela se estreita cada vez mais”.
Está na altura de concentrar o foco na proteção das pessoas”, diz.
O ex-ministro diz que há “riscos muito elevados” em abordar “problemas novos à luz de critérios e metodologias tradicionais”. E que não podem ser tomadas decisões sem ter em conta que a população, hoje em dia, tem um novo modo de vida, no que diz respeito, por exemplo, à mobilidade, à circulação de pessoas e à interação social.
Parece muito imprudente ignorar os novos modelos de organização populacional, os fluxos de mobilidade, a circulação de pessoas e a complexidade da interação social e da vida atual.”
A publicação de Aldalberto Campos Fernandes foi feita pouco depois de, em conferência de imprensa, o Governo ter anunciado que não vai ordenar o encerramento de todas as escolas, seguindo a recomendação do Conselho Nacional de Saúde Pública.
Pelo contrário, a DGS vai manter uma avaliação caso a caso, ordenado encerramentos pontuais sempre que se justificar, como tem feito até agora.
Na conferência de imprensa ficou ainda uma espécie de “recado” para as autarquias — como Lisboa, por exemplo — que, sem indicação para que isso fosse feito, decidiram fechar espaços públicos, como museus, teatros e piscinas. O Conselho Nacional de Saúde Pública considera que isso só deve ser feito por decisão da DGS.