Chamava-se Diego Bianco, tinha 46 anos, era paramédico em Bérgamo, era casado e tinha uma filha de oito anos. Depois de salvar centenas de pessoas contagiadas com o novo coronavírus, morreu a 13 de março, menos de uma semana depois de ter registado os primeiros sintomas de COVID-19. A história de Diego está a emocionar a Itália e é contada pelo Corriere della Sera.

A 7 de março, seis dias antes de morrer, Diego Bianco registou febres altas na ordem dos 39ºC. Foi o primeiro sintoma de que estava infetado pelo novo coronavírus e surgiu no mesmo dia em que oito outros operadores do número de emergência médica italiana (118), seis enfermeiras e quatro médicos da sua equipa foram mandados para casa.

Era um sábado. Só na semana seguinte é que fez o teste que comprovou aquilo de que Diego Bianco já desconfiava: estava infetado com o novo coronavírus e não tinha escapado à doença que havia ajudado a curar em centenas de outros italianos. Mas nem nesse momento desabou: “Ele sempre foi muito calmo, mesmo em emergências. A  experiência em campo ajudou-o a entender melhor como agir”, descreveu Oliviero Valoti, antigo chefe do 118 em Bérgamo.

Diego Bianco dizia que se sentia “como se tivesse sido atropelado por um camião”. Tinha tosse, a febre teimava em não baixar, queixava-se de cansaço e sentia dores no peito. Em conversa por telefone com os colegas, dizia-se esperançoso na recuperação, mas houve momentos em que era invadido pelo medo de deixar a mulher viúva e a filha órfã. E o medo concretizou-se poucos dias depois.

Diego Bianco dedicou a vida inteira à prestação de cuidados de saúde. Seguiu os passos do pai e começou como motorista de ambulâncias em Gleno, depois passou a socorrista nos hospitais de Seriate e de Treviglio. Em 2011, tornou-se paramédico do Número de Emergência Médica italiano. Agora, durante a pandemia de COVID-19, era um dos milhares de profissionais de saúde que lutam contra o tempo e contra a morte em Itália.

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