Frederico Varandas, médico presidente do Sporting, foi um dos militares na reserva notificado para voltar ao serviço devido à pandemia de covid-19, confirmou esta segunda-feira à Lusa o Ministério da Defesa. Esta informação não coincide com o que o presidente leonino afirmou, através do Instagram, na quinta-feira, onde escreveu estar disponível para voltar a “servir” Portugal enquanto vigorar o estado de emergência. Entretanto, e ainda antes de ser divulgada a informação do Ministério da Defesa, a oposição viu no regresso de Varandas um motivo para convocar eleições antecipadas.
Numa nota enviada esta segunda-feira à Lusa, o ministério esclareceu que “o capitão Frederico Varandas detinha licença especial para efeitos eleitorais”, de acordo com a Lei de Defesa Nacional e que permite a um militar concorrer a eleições.
Essa licença caducou “com a entrada em vigor do decreto do Presidente da República”, que impôs o estado de emergência, pelo que é determinado “o regresso do militar à sua anterior situação“, ainda segundo o esclarecimento do ministério.
Consequentemente, o Exército Português notificou todos os seus militares que detinham licenças com a natureza referida sobre a necessidade de se apresentarem ao serviço”, lê-se na nota, tendo Frederico Varandas sido um dos militares a quem foi ordenado o regresso.
Este domingo, de acordo com o jornal A Bola, o movimento “Sou Sporting” emitiu um comunicado onde alegava que o gesto do presidente leonino “impossibilita fisicamente” que este cumpra as suas funções no Sporting. Esta situação, segundo os estatutos, leva à destituição, sendo que o movimento pede eleições para dia 20 de abril.
Em 19 de março, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) fez um apelo a voluntários – inclusive militares na reserva e na reforma, e ex-militares – para auxiliarem as Forças Armadas no reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Logo nesse dia, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, disse que acedeu ao apelo do EMGFA e mostrou-se disponível para voltar a “servir” Portugal enquanto vigorar o estado de emergência, devido à pandemia de Covid-19.
“Já servi o país, hoje vou voltar a fazê-lo enquanto o estado de emergência durar…e voltarei sempre que Portugal precisar. Vamos… vamos com tudo!”, escreveu o líder leonino, numa mensagem divulgada na rede social Instagram, acompanhada por uma fotografia do próprio com o filho ao colo.
No comunicado, o Ministério da Defesa refere que o Estatuto dos Militares das Forças Armadas define que “as funções militares são, em regra, exercidas em regime de exclusividade“, embora o Chefe do Estado-Maior do Exército possa “autorizar o desempenho de outras funções em regime de acumulação, mediante requerimento do interessado”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito esta segunda-feira pela Direção-Geral de Saúde. O país encontra-se em estado de emergência desde as 0h de quinta-feira e até às 23h59 de 2 de abril.