Dos 34 utentes que estavam num lar privado em Cavalões, Vila Nova de Famalicão, 22 testaram positivo à Covid-19, bem como 10 colaboradores da instituição, confirmou ao Observador o presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha.

O autarca acrescentou ainda que dos 22 utentes infetados, há 18 que estão no Hospital das Forças Armadas do Porto — para onde foram transportados este domingo –, três foram encaminhados para outros hospitais e um está em casa, estando a instituição neste momento encerrada. Quanto aos colaboradores, estarão todos em casa.

Na noite de sábado, Teresa Pedrosa, a proprietária e gerente da Residência Pratinha, indicou à agência Lusa que os 18 funcionários do lar estavam “ou com teste positivo ou em quarentena” e, por isso, os mais de 30 utentes estavam a ser acompanhados apenas por três pessoas: ela, a diretora técnica, que está grávida, e uma enfermeira. Só na noite de domingo, e depois de o caso se ter tornado público, é que os utentes e colaboradores foram retirados do lar.

Utentes de lar em Famalicão com três funcionárias vão para Hospital das Forças Armadas do Porto

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O presidente da autarquia diz ser “lamentável” que a Câmara de Famalicão só tenha sido informada da situação na noite de sexta-feira para sábado, quando tudo começou na segunda-feira, dia 16. “É lamentável que uma situação tão grave esteja a acontecer no meu concelho e só cinco dias depois é que tenho conhecimento disto, quando as entidades responsáveis, incluindo as autoridades de saúde, já o sabiam”, referiu Paulo Cunha.

Além de pedir um inquérito para averiguar o que se passou neste lar, o autarca destacou ainda que a Câmara Municipal de Famalicão reforçou a urgência de um rastreio de todos os utentes e colaboradores das 21 instituições que existem no município, disponibilizando-se para suportar os custos e os apoios necessários para que sejam feitos, de imediato, testes a todos os cerca de 700 utentes e 1.300 colaboradores destas instituições em Famalicão.

No domingo, também a ministra da Saúde reagiu ao caso e fez um aviso durante a conferência de imprensa sobre o boletim diário da Covid-19 em Portugal: este tipo de instituições — privadas ou Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) — “têm que ter um plano de contingência”. Se não o tiverem, terá de ser encontrada uma solução dentro da comunidade.

“Tinham que ter pensado num plano de contingência, porque essa informação sobre como é que deveriam preparar-se para responder a uma situação deste tipo foi disseminada há dias ou até semanas”, referiu Marta Temido. A ministra sublinhou a necessidade e importância em que cada um tenha “profissionais de segunda linha de prevenção para poder intervir, equipas a funcionar em espelho (por cada um que está a trabalhar, outro em casa, com turnos rotativos)”.