A PSP recebeu em março 585 denúncias de violência doméstica, menos 15% do que no mês homólogo de 2019, mas admite que os números possam não ser um reflexo da realidade, pelo que vai reforçar a proteção às vítimas.

“No decurso do mês de março foram registadas 585 denúncias. Uma quebra de 15% em comparação com o período homólogo de 2019. Antevendo que este decréscimo não reflita a realidade, a PSP já iniciou a intensificação dos contactos pessoais com as vítimas de violência doméstica, no sentido de apurar da estabilidade da vivência familiar e, se necessário, proceder à imediata reavaliação individualizada de risco e reajuste das medidas de proteção da(s) vítima(s)”, lê-se num comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP), hoje divulgado.

No documento, a PSP refere que no contexto de emergência na pandemia de Covid-19 “tem dedicado grande atenção a algumas tipologias criminais as quais, potencialmente, poderão conhecer agravamentos e ou novas formas de concretização”.

“Nesse contexto, o crime de violência doméstica merece por parte da PSP uma ainda maior atenção e cuidado na sua análise e resposta. O confinamento domiciliário que as famílias têm de observar poderá propiciar condições particularmente gravosas para que este crime ocorra de forma pouco percetível, contrariando o esforço realizado ao longo de vários anos”, refere esta força policial.

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Apesar do diminuição de queixas face ao período homólogo, foram feitas em março 36 detenções, mais quatro do que no mesmo mês de 2019.

A PSP lembra que o crime de violência doméstica continua a ser “um dos que merece reação e investigação prioritárias”, mesmo em estado de emergência, e que a violência doméstica é um crime público, o que significa que qualquer pessoa, e não apenas a vítima, pode apresentar queixa às autoridades.

“Constitui um ponto de grande importância para a PSP que a(s) vítima(s), com histórico anterior de vitimização ou não, sinta(m) que a quarentena agora vivenciada não é sinónimo de isolamento ou ausência de apoio. Pelo contrário, por parte da PSP, há um total empenhamento em demonstrar que também durante o confinamento domiciliário o crime de violência doméstica é absolutamente inadmissível”, afirma a PSP em comunicado.

As queixas podem ser feitas à PSP pelas vias habituais, nomeadamente o email violenciadomestica@psp.pt, e estas continuam a ser analisadas “por equipas policiais especificamente preparadas”, sendo depois “encaminhadas para as Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima da PSP, que se deslocarão aos locais para recolha de informação e reforçar a proteção da(s) vítima(s)”.