A União de Sindicatos do Porto (USP) denunciou esta sexta-feira a intenção da empresa Preh, fabricante de componentes elétricos na Trofa, de despedir 500 trabalhadores com vínculos precários para reduzir perdas provocadas pela pandemia da Covid-19.

A notícia foi inicialmente divulgada pelo Jornal de Notícias e confirmada ao Observador pelo coordenador da USP, Tiago Oliveira.

Segundo explicou Tiago Oliveira, a USP recebeu da estrutura sindical da empresa a informação de que a Preh decidiu rescindir com 500 dos cerca de 750 trabalhadores com vínculos precários que ali trabalham, num universo de cerca de 1.500 trabalhadores.

“Além disso, a empresa está a impor a outros trabalhadores a obrigatoriedade de pôr férias”, denunciou Tiago Oliveira.

Segundo o dirigente sindical, as difíceis relações entre o sindicato e a empresa não são novas. “A empresa nega-se a falar com o sindicato e as nossas relações não são das melhores, não são de proximidade como gostaríamos“, disse Tiago Oliveira.

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“Neste momento, quando toda a gente esperava da parte das empresas uma postura diferente, no sentido de salvaguardar os postos de trabalho, em vez de salvaguardarem os trabalhadores estão a deixá-los praticamente sem apoios”, acrescentou o sindicalista, notando que a Preh é uma das principais empregadoras do concelho da Trofa, distrito do Porto.

A empresa está também a exigir que os funcionários utilizem o mesmo equipamento de proteção, incluindo máscaras, durante uma semana — em vez de usarem equipamentos novos todos os dias, como recomendado.

A USP já fez chegar a informação sobre este caso à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) à Direção-Geral da Saúde (DGS).

Tiago Oliveira criticou ainda a política da empresa ao optar por ter mais de 700 trabalhadores com vínculos precários. “Quando se contrata um trabalhador com um vínculo precário é para suprir alguma necessidade, quando há algum percalço. Não é esse o caso quando se tem 700 pessoas nessas circunstâncias.”

Empresa diz que apenas cessou contratos com empresas de trabalho temporário

A empresa enviou, nesta segunda-feira, um comunicado aos meios de comunicação social a esclarecer que “é totalmente falso que a Preh Portugal tenha despedido, ou vá despedir 500 trabalhadores“.

Cessámos os contratos com empresas de trabalho temporário, uma vez que no quadro da brutal redução da atividade que, em particular na indústria automóvel, se faz sentir por motivos de todos conhecidos, deixou de existir a necessidade que justificou a dita contratação”, explica a empresa.

A Preh sublinha ainda que “mantém, e pretende continuar a manter os vínculos com todos os trabalhadores com quem detém uma relação contratual de trabalho“.

Além disso, continua o comunicado, “é também falso que a empresa tenha imposto o gozo de férias aos seus trabalhadores“. “Na verdade foi proposto o gozo antecipado de férias apenas a uma parte dos seus trabalhadores, proposta que mereceu o seu acordo, tratando-se de uma medida que tem pleno cabimento no contexto de anormalidade e excecionalidade em que vivemos”, explica a empresa.

O comunicado da Preh refere-se ainda às denúncias relativas ao equipamento de proteção individual e explica que as medidas de segurança foram implementadas em articulação com a DGS, a autoridade de saúde local e a autarquia, e implicam que “as máscaras seriam usadas três dias consecutivos e entregues após esse período no Gabinete Médico, onde seriam atribuídas novas máscaras contra a devolução das usadas“.

Artigo atualizado às 16h de dia 7 de abril de 2019, com o esclarecimento enviado pela Preh.