O Governo da Madeira quer máscara facial para a população da região e até admite vir a decretar o “uso obrigatório” deste equipamento de proteção individual no futuro quando as restrições à circulação de pessoas — decretadas para responder à propagação da pandemia do novo coronavírus — forem suavizadas.
Esta segunda-feira em conferência de imprensa, questionado por jornalistas, o presidente da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque, afirmou que já foram investidos “cerca de oito milhões de euros” em material para o combate ao novo coronavírus e explicou que o objetivo passa mesmo por alargar rapidamente a utilização de máscaras faciais à população em geral. “Estamos a preparar a região e a conceber numa primeira fase termos — o Governo da região — cerca de 250 mil máscaras para uso corrente da população“.
Miguel Albuquerque afirmou ainda que estas “máscaras de uso corrente para a população” são “muito menos sofisticadas” do que as usadas por profissionais de saúde e doentes infetados, “mas são feitas segundo os padrões e recomendações da Direção Regional de Saúde, segundo um modelo adotado em termos internacionais” — e serão reutilizáveis.
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De acordo com o site oficial do Governo da Madeira, a população residente no final de 2018 no arquipélago era de 253.945 pessoas. Somando-se o número de 250 mil máscaras para a população em geral ao número de máscaras (de características distintas) previstas para profissionais de saúde e doentes infetados com o novo coronavírus, é possível perceber que a ideia será ter a totalidade ou quase a totalidade da população com este equipamento.
Esperamos no dia 14, 15 [de abril] termos já 250 mil máscaras destas“, referiu, levantado uma hipótese de futuro sem se comprometer já com ela: “Numa fase posterior, à medida que as restrições à circulação forem sendo [levantadas], penso que vamos ter de decretar possivelmente (…) um cenário onde o uso da máscara será obrigatório. Neste momento é prematuro falar disso. Mas a situação está equacionada.”
O Presidente da Região Autónoma da Madeira disse ainda que já “foram adquiridas cerca de 40 mil máscaras” para utilização por profissionais de saúde e doentes com Covid-19. Já sobre estas máscaras para “uso corrente”, explicou: “A maioria está a ser fabricada aqui na região. É um objetivo termos a população com cobertura quase total destas máscaras, que podem ser reutilizadas também. Algumas delas até vamos pedir [apoio] àqueles que possam fazer as máscaras em casa. Vamos distribuir um pequeno vídeo onde se ensina a fazer as máscaras, qual o material a ser utilizado e quais os padrões que estão em consonância com aquilo que é recomendado pela Direção e autoridades de saúde”.
535 empresas pediram lay-off, PIB cai 430 milhões ao mês
Já sobre a propagação das infeções na Madeira, que regista agora 47 casos de infeção confirmada com o novo coronavírus, o político social-democrata apontou: “Os casos de contaminação detetados até agora resultaram de casos importados e transmissão local. Estes últimos, os de transmissão local, a esmagadora maioria [aconteceram] devido ao não cumprimento escrupuloso das orientações de distanciamento social e isolamento“.
Relativamente ao impacto já estimado para a economia da região, Miguel Albuquerque referiu: “A estimativa vai depender muito da evolução da situação pandémica. Temos contas que são fáceis de fazer: se olharmos para o PIB (Produto Interno Bruto) da região, numa situação de paralisia a região perde cerca de 430 milhões de euros por mês no PIB. A construção civil e o turismo parados significam perdas por dia de 8 milhões d euros no PIB; por mês 130 milhões a construção civil e cerca de 112 milhões de euros o turismo. Até hoje, cerca de 533 empresas já tinham pedido o lay-off, abarcando cerca de sete mil trabalhadores”. No entanto, lembrou, “não há economia sem pessoas e sem pessoas saudáveis”, pelo que “em primeiro lugar vamos tratar das pessoas e salvaguardar a saúde pública”.
Miguel Albuquerque deixou uma mensagem aos cidadãos relativa ao período da Páscoa: “Devíamos evitar de todas as formas as habituais reuniões e convívios familiares, para salvaguarda da segurança e saúde de todos nós. É importante termos a noção que este vírus tem efeito ainda mais devastador nos nossos idosos e naqueles que já têm outras doenças”