Desta vez, aos países que recorrerem à ajuda dos fundos europeus não vão ser exigidas “condições sem sentido, como por vezes aconteceu no passado“, garantiu o ministro das Finanças, Olaf Scholz, tentando passar uma mensagem de tranquilidade aos países europeus que precisem de recorrer ao Mecanismo Europeu de Estabilidade para dar meios aos sistemas de saúde ou dar bases à economia para estabilizar e, depois, recuperar. Já o ministro das Finanças da Áustria diz que o debate em torno das eurobonds (ou coronabonds) “não é muito sério”.

Parecendo certo, nesta fase, que a reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo irá, na terça-feira, concluir que o principal instrumento a que os países poderão recorrer é o (já existente) Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) – e não a emissão de dívida conjunta, as eurobonds ou, aqui, coronabonds –, Olaf Scholz deixa, em entrevista ao jornal Funke, uma garantia aos países candidatos que “não vai haver nenhuma troika a entrar no país para dizer ao país como é que deve governar. Aqui estamos a falar de ajuda para esta crise“, afirmou Scholz.

No sábado, numa entrevista a vários jornais europeus, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, defendeu o adiamento do debate sobre as coronabonds para depois da crise e a concentração nas medidas em que haja consenso. “Sairemos desta crise com uma dívida mais alta para todos os Estados. É decisivo que essas dívidas não sejam um obstáculo para que os Estados assumam novas dívidas”, afirmou Centeno na entrevista ao jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e a outros meios europeus.

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Em antecipação à reunião de terça-feira, Centeno acrescentou: “Vejo um grande apoio para um novo pacote em defesa da zona euro e de toda a Europa. Elaborámos três medidas de proteção para os orçamentos, para as empresas e para os trabalhadores”, disse, referindo que as três reformas são uma rede de segurança de cerca de 500 mil milhões de euros.

Centeno referia-se ao plano de linhas de crédito do (MEE) para Estados com necessidade, aos créditos do Banco Europeu de Investimento (BEI) para empresas e aos apoios para programas de suspensão de contratos de trabalho (‘lay-off’) apoiados pelo Estado, propostos pela Comissão e deixava de fora o tema dos coronabonds. “Sempre lutarei por mais integração na Europa, mas o debate sobre títulos de dívida comum não deve pôr em perigo a nossa capacidade de chegar a um consenso sobre o pacote de urgência com as suas três medidas de proteção”, comentou.

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O debate em torno das coronabonds “não é muito sério”, diz ministro austríaco

Em entrevista à Bloomberg TV esta segunda-feira, o ministro das Finanças da Áustria, Gernot Bluemel, recusou esta manhã a ideia de existirem tensões na zona euro por causa da hipótese de emissão de dívida conjunta – eurobonds ou, aqui, coronabonds – garantiram que é objetivo de todos é “ajudarmo-nos uns aos outros” e, ao mesmo tempo, “salvaguardar o eurossistema”, isto é, a união financeira dos estados da zona euro. Para essa “ajuda uns aos outros” é suficiente, argumenta o responsável, “são suficientes as medidas que já criámos“.

O debate que se gerou em torno das coronabonds “não é muito sério“, argumenta Bluemel, “porque teríamos de alterar a natureza fundamental do contrato que criou a União Europeia”. “Isto não é fácil de fazer, mesmo que toda a gente concordasse com isso nunca poderia haver resultados a tempo de combater esta crise”, acrescenta.

A Áustria defende que, de facto, pode ser necessário ajudar alguns países mais endividados que estão a confrontar-se com esta crise – até porque isso “ajudará a estabilizar a zona euro“. Mas, para isso, faz mais sentido recorrer ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e ao Banco Europeu de Investimento (BEI), diz o ministro das Finanças da Áustria. Recorrer ao MEE, acrescenta, poderia ser muito rápido: pedir a abertura de um programa num dia, escrever o memorando de entendimento no dia seguinte, e muito rapidamente estariam disponíveis desembolsos.

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