Duas equipas de médicos de dois hospitais diferentes na China administraram plasma rico em anticorpos, de pessoas que tiveram Covid-19 mas já estão recuperadas, a doentes em estado grave, e registaram melhoria muito significativas em alguns dos casos, noticia o The Guardian. A descoberta está a animar os investigadores.
No âmbito de um projeto piloto, médicos de Wuhan, na China, deram “plasma convalescente” a 10 doentes considerados graves e concluíram que os níveis de incidência do vírus nos seus organismos tinha descido rapidamente. Em três dias, foram registadas melhorias significativas nos doentes ao nível dos sintomas: febre, dificuldades respiratórias ou dores no peito.
Trata-se de uma “promissora opção de salvamento”, descreveu Xiaoming Yang, do Centro Nacional de Engenharia e Tecnologia para Vacinas Combinadas de Wuhan, ressalvando que ainda é cedo para concluir que seja totalmente eficaz. Os detalhes do projeto piloto, contudo, são animadores, e foram publicados nos Procedimentos da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos da América.
O que dá mais força às conclusões já tiradas é que não foi apenas uma equipa de médicos que testou esta forma de tratamento, mas sim duas, em locais diferentes. A equipa de médicos gerida por Lei Liu, de um hospital de Shenzhen, administrou o mesmo tipo de plasma convalescente e, num prazo de 10 dias, três dos pacientes foram capazes de largar o ventilador. Todos os outros mostraram melhorias ao nível dos sintomas depois das infusões.
A descoberta está a aumentar a esperança de que sangue doado de pacientes recuperados da Covid-19 pode ser usado para impulsionar o sistema imunitários dos que se encontram mais debilitados com a doença. Poderá estar aí uma das chaves para ajudar os doentes mais graves a combater a infeção. Mas com um número reduzido de pacientes a serem tratados com estas transfusões de sangue é cedo para tirar conclusões, notam os especialistas.
Certo é que o uso de plasma de pacientes recuperados já é uma técnica antiga. Começou a ser usado durante a pandemia da gripe espanhola, em 1918, assentando na teoria de que as pessoas recuperadas da doença desenvolveram anticorpos no seu sangue que rapidamente deteta e destrói o vírus na vez seguinte em que o vírus tentar atacar. Logo, fazer infusões sanguíneas em doentes infetados ou em doentes de risco pode ajudar esses mesmos doentes a combater a infeção de forma mais célere e eficaz.