O governo de Acordo Nacional (GAN) da Líbia anunciou um confinamento geral de 10 dias nas zonas que controla no oeste do país, incluindo a capital Tripoli, para limitar a propagação do novo coronavírus no país em guerra.

Um “recolher obrigatório” de 24 horas entra em vigor na sexta-feira, indicou o GAN, sediado em Tripoli e reconhecido pela ONU, num comunicado divulgado na noite de quarta-feira para quinta-feira. A medida não se aplica ao leste do país controlado pelo marechal Khalifa Haftar, assim como a grande parte do sul, que escapa ao controlo dos dois lados rivais.

Mergulhada no caos desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia é palco atualmente de uma luta pelo poder entre Haftar e o GAN. O marechal tenta há um ano apossar-se de Tripoli e o conflito já causou centenas de mortos, incluindo dezenas de civis, e mais de 200 mil deslocados.

A situação humanitária pode agravar-se com a propagação do novo coronavírus, responsável pela Covid-19, no país, que regista 48 casos de infeção (quatro no leste) e uma morte, segundo o Centro de Luta contra as Doenças, com sede em Tripoli.

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Durante o período de confinamento, os hipermercados estarão fechados, mas as lojas de proximidade podem abrir entre as 5h e as 10h TMG (mais uma hora em Lisboa), refere o comunicado. As pessoas podem fazer as compras durante aquele período, adianta.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde do GAN, Ehmed Ben Omar, considerou que a situação de saúde na Líbia “não é muito má”, mas “também não é tranquilizadora”, apelando aos líbios para respeitarem as medidas de confinamento. O GAN já tinha anunciado a 22 de março o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas e imposto o recolher obrigatório entre as 17h e as 5h.

No leste do país, as forças do marechal Haftar impõem há várias semanas o recolher obrigatório entre as 18h e as 5h.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.