A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) disse esta quinta-feira que a pandemia provocada pelo novo coronavírus poderá provocar a morte de mais de 300 mil africanos, enquanto 27 milhões poderão ser “empurrados para a pobreza extrema”.

Num relatório a divulgar na sexta-feira, denominado “Covid-19: Protegendo as Vidas e as Economias Africanas”, a UNECA considera que os frágeis sistemas de saúde africanos poderão ter custos adicionais impostos pela crescente pandemia de Covid-19.

“Para proteger e avançar com uma prosperidade partilhada no continente, são necessários de forma urgente 100 mil milhões de dólares [92,3 mil milhões de euros] e é preciso um espaço fiscal imediato para todos os países, para os ajudar a responder à necessidade de segurança das populações”, afirmou a secretária executiva da UNECA, Vera Songwe.

Segundo a também subsecretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o continente africano é particularmente suscetível, uma vez que 56% da população está concentrada em bairros de lata ou habitações informais e apenas 34% dos agregados familiares têm acesso a formas básicas de lavagem das mãos.

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“Os custos económicos da pandemia têm sido mais duros que o impacto direto da Covid-19. Por todo o continente, as economias estão a sofrer um choque súbito. O distanciamento físico necessário para gerir a pandemia está a sufocar e a afundar a atividade económica”, vincou Vera Songwe, num comunicado da organização.

De acordo com o documento, o relatório assinala que os negócios de pequena e média dimensão arriscam um encerramento total sem um apoio imediato.

Da mesma forma, a UNECA alerta para as consequências de fenómenos como a redução do preço do petróleo, responsável por 40% das exportações africanas, e do turismo, que em certos países representa 38% do Produto Interno Bruto.

No âmbito da mitigação, o relatório assinala vários esforços para manter o fluxo comercial, em particular no fornecimento de alimentos e de materiais sanitários.

Vera Songwe assinalou que o setor privado necessita de liquidez e de parceiros.

“É por isso que pedimos o apoio da comunidade internacional, para que esta injete mais liquidez nas nossas economias”, acrescentou.

Da mesma forma, a responsável da ONU apontou que são necessárias novas formas de financiamento.

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

O número de mortes por Covid-19 em África subiu esta quinta-feira para 910 num universo de 17.212 infeções registadas em 52 países.

O número de doentes recuperados é agora de 3.546.