Mais de 80.000 pessoas já assinaram uma petição online a pedir o “cancelamento imediato” da sessão solene de comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República, para a qual está prevista a presença de 130 pessoas.

Às 17h44 de domingo, 82.431 pessoas tinham assinado esta petição, dirigida ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e ao primeiro-ministro, António Costa.

“Não se admite que a Assembleia queira comemorar o 25 de abril, juntando centenas de pessoas no seu interior” numa altura em que “se pede a todos os portugueses que se abstenham de sair de casa” e “em que se pede que não exista concentração de pessoas” devido à pandemia de Covid-19, alegam os peticionários.

Para estas pessoas, “é uma vergonha” a sessão solene aprovada, porque demonstra que os partidos “não respeitam minimamente o povo”.

“Não se admite que os senhores deputados não cumprem aquilo a que obrigam a todos nós, e bem. Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, acrescenta o texto da petição.

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A Assembleia da República estimou esta sexta-feira que participem cerca de 130 pessoas na sessão solene do 25 de Abril entre deputados e convidados, contra os cerca de 700 do ano passado, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

Numa nota sobre a sessão solene comemorativa do 46.º aniversário do 25 de Abril de 1974, depois de questionado pela Lusa, o gabinete do presidente do parlamento refere que o figurino habitual da cerimónia será “naturalmente adaptado, quer do ponto de vista organizativo, quer do ponto de vista do número de convidados, embora sem perder de vista a dignidade da cerimónia”.

Depois de ter ficado acordado em conferência de líderes que participariam na sessão um terço dos 230 deputados (77 parlamentares), o gabinete de Ferro Rodrigues adianta esta sexta-feira que “o leque de convidados será limitado, em face da situação excecional que o país atravessa, permitindo respeitar as distâncias de segurança recomendadas pelas autoridades de saúde”.

“No cômputo geral, e incluindo deputadas e deputados, estimam-se em cerca de 130 o número total de presenças (o que contrasta com as cerca de 700 verificadas em 2019)”, acrescenta a nota, o que permite estimar que o número de personalidades convidadas rondará a meia centena.

A lista de entidades que serão convidadas não foi ainda divulgada pela Assembleia da República.

De acordo com o gabinete de Ferro Rodrigues, este ano não haverá nem as tradicionais cerimónias militares no exterior do Palácio de São Bento nem o tradicional programa cultural, o Parlamento de Portas Abertas.

A sessão arrancará pelas 10h na Sala das Sessões e usarão da palavra, como habitualmente, o presidente da Assembleia da República, os deputados únicos representantes de partido, os representantes dos Grupos Parlamentares e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que encerrará.

Na conferência de líderes de quarta-feira, a decisão de realizar a sessão solene no parlamento, embora com menos deputados e convidados, teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP – que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país – e o Chega foram contra.

No final de março, a Associação 25 de Abril cancelou o tradicional desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e pediu que os portugueses vão nesse dia à janela pelas 15h cantar a “Grândola, Vila Morena”, uma das senhas do Movimento das Forças Armadas (MFA) em abril de 1974, um apelo a que se juntaram já o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e o PAN.

Entretanto, o Presidente da República reafirmou que participará nesta cerimónia.

(Actualizada à 17h44 de dia 19 de abril)