Os pedidos de ajuda, através da rede de emergência alimentar, de famílias com dificuldades têm aumentado nas últimas três semanas, revelou a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome. “Parece que nascem do chão, é uma coisa tremenda. Nunca vi nada assim”, contou Isabel Jonet, em entrevista à rádio Observador.

Até às 22h de domingo, o Banco Alimentar recebeu “quase 11.650 pedidos de apoio”, segundo a presidente. “Estimo que sejam à volta de 55 mil pessoas que, apenas nestas 3 semanas, ficaram a precisar de ajuda”, revelou.

“As pessoas não precisam só de apoio alimentar, precisam de vários tipos de apoio, e até de quem as ampare conversando, para que não percam a esperança”, disse, sublinhando o importante papel das autarquias no apoio às famílias. “Foram os primeiros parceiros que nós procuramos”, acrescentou Isabel Jonet.

O Banco Alimentar tem sido contactado por famílias que, antes da crise provocada pela pandemia da Covid-19, tinham “uma vida equilibrada e ganhavam o suficiente para pagar as suas despesas mas, de um momento para o outro, ficaram sem qualquer rendimento ou remuneração”. O encerramento das creches e escolas, que obrigou os filhos a ficar em casa, também contribuiu para um aumento das despesas em casa.

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Há muitas pessoas que estão numa situação verdadeiramente desesperada e este é um momento muito desafiante para todos nós”, afirmou Isabel Jonet.

Trabalhadores independentes, de ginásios, dentistas, empregas domésticas, cabeleireiras e taxistas são alguns dos casos de pessoas desesperadas que pedem ajuda ao Banco Alimentar.

Há também quem dê o seu trabalho em troca de alimento. “Temos 4 pessoas a trabalhar no Banco Alimentar para poderem comer o almoço que disponibilizamos na cantina. São pessoas que ficaram sem trabalho”, explicou a presidente. Para Isabel Jonet, a recuperação desta crise “vai ser mais lenta do que foi o corte, (…) algumas destas pessoas não vão encontrar o trabalho que tinham antes.”

Quanto à campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar, que acontece em maio, Isabel Jonet adianta que vai acontecer apenas “online”, no canal de doações na internet. “É um grande constrangimento, estamos a tentar mobilizar pessoas e empresas para que nos possam dar um donativo que nos permita comprar alimentos e garantir que não é interrompido o abastecimento dos bancos alimentares”, confessou.

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Banco Alimentar. “Os pedidos de apoio parece que nascem do chão. Nunca vi nada assim”, diz Isabel Jonet