De forma consistente, a Noruega é um dos “melhores lugares para se viver”, segundo o índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, que mede a riqueza, o acesso à educação, ao serviço nacional de saúde e às oportunidades de trabalho. Indicadores que se revelaram essenciais na hora de combater a pandemia do novo coronavírus. E que permitiram ao país reabrir, esta segunda-feira, as escolas aos mais de 250 mil alunos do 1º ciclo (6-10 anos), depois de cinco semanas de aulas online. Isto depois de as autoridades de saúde norueguesas terem permitido que as creches e os jardins de infância abrissem as portas na passada semana.

Foi um regresso à “normalidade”, mas com apertadas regras de higiene, como a lavagem das mãos, e promovendo o distanciamento social. Uma escola em Asker, a oeste de Oslo, limitou as aulas a apenas 15 crianças por professor. “Espaço não nos falta, temos o edifício todo disponível para estes alunos”, explicou o diretor da escola à emissora estatal NRK, uma vez que os estudantes do 2º e 3º ciclos, assim como os professores, ainda se mantém em casa com ensino à distância.

O ministro da Saúde, Bent Høie, apoiado nos dados divulgados pelo Instituto de Saúde Pública, assegurou ao país que deixar as crianças voltar à escola não terá efeito sobre a propagação do vírus, mas não hesitará em “encerrar rapidamente” todos os estabelecimentos de ensino caso a curva epidemiológica se altere. “Se não conseguirmos conter o vírus, vamos apertar as medidas novamente”, disse Høie. “Precisamos de fazer esse trabalho juntos, porque já vimos que é muito fácil perder o controlo da infeção”.

Os números mais recentes revelam um total de 7.533 pessoas infetadas pela Covid-19. Apenas 122 necessitaram de hospitalização, mas o número de mortos ultrapassou os 200 durante o fim de semana. No entanto, segundo ainda o Instituto de Saúde Pública, apenas um em cada sete doentes com Covid-19 morreu nas unidades de cuidados intensivos dos hospitais noruegueses. A maioria das mortes relacionadas com o novo coronavírus ocorreu em lares noruegueses, e não em hospitais.

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Dados que têm permitido à Noruega manter uma taxa de transmissão (R0) à volta dos 0,7 – semanas depois de a primeira-ministra, Erna Solberg, ter fechado o país (literalmente) a 12 de março. A 24 de março, a estratégia do governo de reduzir o “crescimento exponencial” do vírus já se mostrava certa. Com uma taxa de infeção (número de pessoas infetadas por cada infetado), desde então, sempre abaixo do número 1, a Noruega foi preparando a estratégia para o desconfinamento “com cautela e sem pressa”, como admitiu, esta semana, o ministro da Saúde, Bent Høie.

Esta segunda-feira, além das escolas e dos transportes públicos, o governo autorizou também a abertura de dentistas, cabeleireiros e institutos de beleza. Para assinalar a data, e mostrar que a população não deve temer o regresso à “normalidade”, desde que evite o contacto social, Bent Høie foi um dos primeiros clientes do salão de Morten Johansen, em Oslo, que foi explicando as novas regras de higiene e segurança aos jornalistas ao mesmo tempo que cortava o cabelo ao ministro. “O equipamento usado deve ser limpo entre cada cliente, as revistas semanais acabaram, e já não podemos oferecer um café “.

Ministro da Saúde norueguês, Bent Høie, corta o cabelo num barbeiro em Oslo para demonstrar que é seguro voltar à normalidade pós-confinamento.

Segundo um estudo realizado pela empresa de seguros FM Global, e publicada pela BBC, a Noruega é também o país mais bem preparado para dar a volta à crise económica provocada pelo novo coronavírus, seguido pela Dinamarca, Suíça, Alemanha e Finlândia, devido à sua capacidade de gerar riqueza e estabilidade social. E, agora, de alavancar a economia. Além das medidas sociais aos trabalhadores em lay off, e às empresas afetadas pelo confinamento, os jovens empresários também não foram esquecidos.

A ministra de Comércio, Iselin Nybø, anunciou a abertura de uma linha de financiamento (a fundo perdido) de mais de 240 milhões de euros só para apoiar jovens empresas. “A razão pela qual estamos fazer isto é porque os novos empreendedores e estas empresas são muito importantes”, disse Nybø. “Na situação crítica em que estamos agora, precisamos mais do que nunca apoiar a inovação e as boas ideias para termos um ambiente propício ao investimento quando esta crise terminar”.