O Brasil registou esta terça-feira mais um recorde indesejável. Nas últimas 24 horas, 474 pessoas morreram no país, o mais elevado número de óbitos diários desde o início do surto. Até aqui, o dia mais mortífero do vírus em solo brasileiro era o 23 de abril, quando se registaram 407 baixas. O total de mortes causadas pela pandemia sobe assim para 5.017, ultrapassando os 4.637 mortos comunicados pela China. O Brasil é agora o nono país do mundo com mais mortes pelo novo coronavírus.

Segundo os dados revelados pelo Ministério da Saúde brasileiro esta terça-feira à tarde (já noite em Portugal), nas últimas 24 horas surgiram 5.385 novos casos. Neste aspeto, foi o segundo pior dia desde que o surto chegou ao Brasil, depois das 6.201 infeções comunicadas no último sábado. O total de casos confirmados é agora de 71.886, o que não chega a ultrapassar os 83.938 registados até ao momento pela China.

Horas depois, confrontado com os números dramáticos desta terça-feira, em particular com o facto de o Brasil ter ultrapassado a China no número de mortos, Jair Bolsonaro respondeu: “E daí? Quer que eu faça o quê?”. “Eu sou Messias, mas não faço milagre”, rematou o presidente brasileiro, numa referência ao próprio sobrenome.

São Paulo continua a ser o estado mais fustigado. Só nas últimas 24 horas, morreram 224 pessoas devido à Covid-19, quase metade do total de óbitos registado no mesmo período, no país inteiro. Os números refletem um aumento de 12%, já no que toca aos novos casos — 2.049 –, o aumento foi de 11%. Segundo as autoridades de saúde, a área metropolitana de São Paulo tem, neste momento 81%, da capacidade das unidades de cuidados intensivos ocupada. No total, este estado soma já 2.049 mortes e mais de 24 mil infetados pelo novo coronavírus.

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Os números da pandemia escalam no mesmo dia em que o governo brasileiro prolongou a proibição de entrada no país de todos os cidadãos estrangeiros por via aérea. A medida compreende mais 30 dias e é uma forma de travar a propagação do vírus.

A prorrogação abrange “estrangeiros, independentemente da sua nacionalidade”, mas abre exceções para cidadãos brasileiros, estrangeiros com parentes diretos brasileiros, imigrantes com residência de caráter definitivo, estrangeiros em missões diplomáticas ou a serviço de organizações internacionais, estrangeiros com entrada autorizada pelo governo brasileiro ou portadores de Registo Nacional Migratório.

Também não se aplica a passageiros que façam escala no país, desde que não saiam da área internacional do aeroporto, assim como a aterragens de aeronaves para abastecimento, quando não houver necessidade de desembarque de passageiros das nacionalidades com restrição.

Artigo atualizado quarta-feira, dia 29 de abril, às 00h45, com as delcarações de Jair Bolsonaro.