Luís Nazaré, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica, apresentou esta quinta-feira a demissão do cargo. De acordo com a carta de resignação, revelada pelo Record, o antigo dirigente mostra-se honrado pelos mais de dez anos em que ocupou o cargo e fala em divergências com a Direção do clube liderada por Luís Filipe Vieira a propósito dos moldes em que se deveria realizar a próxima reunião magna dos encarnados.
“A razão é a insuperável incompatibilidade de posições com a Direção acerca do formato e do sistema de sufrágio da próxima Assembleia Geral do clube. Face ao atual contexto, só o modelo digital assegura as normas sanitárias e a participação alargada dos sócios do Sport Lisboa e Benfica – é este o meu entendimento. Foi uma honra ter exercido, durante mais de dez anos, as funções que agora cesso. Desejo ao nosso clube os maiores sucessos”, diz Luís Nazaré na missiva em que colocou um ponto final na liderança da Assembleia Geral do clube.
“No entendimento do presidente da Mesa da Assembleia Geral, a realização da Assembleia Geral relativa à apreciação e votação do orçamento de despesas e receitas, o plano de atividades e o parecer do Conselho Fiscal relativos ao exercício 2020/2021, deveria realizar-se exclusivamente em formato virtual, no site do Benfica, com a votação a decorrer através de dispositivo eletrónico, via Internet. No entendimento unânime da Direção, da conjugação de várias disposições dos estatutos do Benfica, resulta um princípio imperativo segundo o qual a reunião da Assembleia Geral exige a comparência física dos sócios, como forma de assegurar que as deliberações são tomadas de harmonia com a vontade livre e esclarecida do órgão deliberativo (composto, justamente, por todos e cada um dos presentes) e que, por conseguinte, a realização exclusiva de uma assembleia em formato virtual viola tal princípio estatutário”, respondeu esta sexta-feira a Direção do Benfica em comunicado.
“A realização de uma Assembleia Geral presencial, a par da participação virtual de quem assim o entendesse, seria, no entendimento da Direção, a única forma de permitir, também, a participação de todos quantos pretendessem exercer o seu direito na própria Assembleia e nela apresentar eventuais propostas ou intervir na discussão destas, faculdade que, de outro modo, estaria vedada a todos aqueles que não quisessem ou não pudessem participar em formato exclusivamente virtual”, acrescentou a missiva, que terminou com o agradecimento a Luís Nazaré e a comunicação de que Virgílio Duque Vieira passa a liderar o órgão.
Gestor, professor universitário e político, Luís Nazaré, de 63 anos, ocupou pela primeira vez um cargo nos órgãos sociais no início do século, sendo presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar após a vitória de Manuel Vilarinho nas eleições de outubro de 2000, contra Vale e Azevedo. No entanto, e após menos de um ano, acabou por apresentar a demissão do cargo. João Carvalho subiu então à liderança do órgão mas viria também a sair poucos meses depois, o que motivou novas eleições para eleger um novo Conselho Fiscal e Disciplinar.
Mais tarde, quando Luís Filipe Vieira foi eleito para o terceiro mandato na liderança do clube, Luís Nazaré entrou de novo nas listas dos órgãos sociais, passando à presidência da Assembleia Geral das águias, cargo que até esse ano de 2009 estava a ser ocupado por Manuel Vilarinho, antigo líder dos encarnados. Mais de dez anos depois, voltou a apresentar a demissão do cargo que tinha e que é o número 1 no clube em termos estatutários.
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Notícia atualizada às 14h de sexta-feira, dia 29 de maio, após o comunicado da Direção do Benfica