A Figueira da Foz é o município da Região de Coimbra com “evolução mais grave e preocupante” no que diz respeito aos efeitos da pandemia Covid-19 no desemprego, revela um estudo do projeto i9 Social.

Segundo a análise e conclusões do Flash Desemprego, um resumo estatístico datado de 21 de maio e referente aos meses de março e abril, um em cada quatro desempregados da área territorial da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM/RC), que engloba 19 municípios, reside na Figueira da Foz.

O documento a que a agência Lusa teve acesso, da autoria de Florindo Ramos, diretor executivo do Centro de Inovação Social / i9 Social, um projeto financiado por fundos europeus e pela CIM/RC, refere ainda que naqueles dois meses aquele município do litoral do distrito de Coimbra registou “mais 683 desempregados” (+33,6%, para 2.713), a segunda maior variação em percentagem naquela comunidade intermunicipal que é a maior do país.

O município de Penacova foi aquele a que correspondeu a maior variação da percentagem do número de desempregados (+35,9%), correspondente a 70 pessoas. Em números absolutos, Penacova tinha 265 desempregados registados no final de abril, cerca de dez vezes menos do que os 2.713 inscritos na Figueira da Foz.

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Na lista da variação, em percentagem, do número de desempregados em março e abril, segue-se a Mealhada (+32,9%), Condeixa-a-Nova (+29,6%), e Coimbra – o concelho mais populoso da CIM/RC – com mais 26,7%, correspondente a mais 962 desempregados.

Estes cinco municípios apresentam variações do número de desempregados superiores à média da Região de Coimbra (22,9%). Este aumento percentual corresponde a mais 2.724 desempregados, para um total de 13.980 inscrições nos centros de emprego do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) em final de abril.

Na região Centro, a variação média era de 20,2% e no continente de 24,5%.

Na “comparação casos de Covid-19 e novos desempregados”, relativa a março e abril, o documento frisa que a Figueira da Foz combina uma “forte subrepresentação (o que é positivo)” de casos de Covid-19 confirmados – 32 na altura do estudo, com “uma sobrerepresentação significativa (o que é negativo) no aumento do desemprego”.

O estudo nota, na referência aos 32 casos de infeção pelo novo coronavírus na Figueira da Foz, que estes equivalem a três por cento do total da CIM/RC (então com 1.051) “quando a sua população residente corresponde a 13,6% do total daquele território”.

Aliás, no número de casos por 10 mil habitantes, a Figueira da Foz possuía 5,4 no final de abril, o 17.º lugar em 19 municípios na percentagem de incidência de infeções. Uma cifra quase residual quando comparada com os 87,5 casos por 10 mil habitantes em Condeixa-a-Nova, os 42,8 em Coimbra, 30,7 em Tábua, 26,1 em Góis ou 19,4 em Cantanhede, refere o relatório.

Segundo o estudo do i9 Social, a média dos 19 municípios da CIM/RC no número de casos de covid-19 por 10 mil habitantes situava-se, no final de abril, nos 24,2, superior à média da região Centro (16,5), mas inferior aos 30,1 casos do continente português.

Ainda levando em conta o número “reduzido” de casos de Covid-19 confirmados na Figueira da Foz, o investigador do i9 Social refere que a principal causa “para o forte aumento do desemprego tem de ser atribuída a outro fenómeno, sendo o mais provável o efeito negativo causado pelas restrições impostas à atividade económica num concelho especialmente dependente do turismo, hotelaria e restauração”.

O estudo conclui, por outro lado, que a situação do concelho da Figueira da Foz quanto ao desemprego “é preocupante, mas não surpreendente”, argumentando que aquele município “já apresenta, cronicamente, um excesso de desemprego”.

A esse propósito, o documento do i9 Social refere que o peso relativo do desemprego registado na Figueira da Foz no total da Região de Coimbra cifrou-se em 19,4% em abril, quando dois meses antes, em fevereiro, era de 18%.