O vereador lusocanadiano Martin Medeiros disse este domingo que os portugueses no Canadá enfrentam atualmente algumas dificuldades, nomeadamente de acesso a apoios estatais e devido ao envelhecimento, e constituem “uma comunidade que se preocupa muito com o bem-estar dos outros”.

“A comunidade portuguesa, como outra comunidade, preocupa-se muito com o bem-estar dos outros. No entanto, tem barreiras pela frente”, afirmou, em entrevista à Lusa, Martin Medeiros, 46 anos.

Um dos “desafios recentes” que o autarca de Brampton (província de Ontário) identificou foi a dificuldade das pequenas e médias empresas no processo de candidatura aos subsídios do Governo durante a pandemia de covid-19.

“Estamos a tentar ajudá-los nesse sentido. Têm havido vários anúncios de incentivos de programas e muitos não sabem o que fazer”, lamentou.

O antigo conselheiro das comunidades portuguesas sinalizou ainda o “envelhecimento da população, inclusive da comunidade portuguesa”, com muitos “idosos hospedados em lares da terceira idade”, instituições bastante afetadas pela pandemia, situação que tem “preocupado bastante as famílias”.

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“A comunidade portuguesa aqui é mais envelhecida, uma situação que tenho acompanhado e que está relacionada com cinco centros para a terceira idade localizados na região. Sei que muitas famílias portuguesas têm familiares nessas instituições e a comunicação é difícil. Estamos a tentar servir de ligação nesse contacto”, afirmou.

Filho de imigrantes provenientes de Rabo de Peixe, São Miguel (Açores), Martin Medeiros, eleito pelo distrito eleitoral 3 e 4 de Brampton, está a cumprir o seu segundo mandato na Câmara Municipal de Brampton e na Assembleia Municipal de Peel.

A barreira da língua e a situação indocumentada de alguns portugueses está a preocupar o vereador, que reconhece a aflição de muitas famílias, que em tempo de crise “não têm acesso a bens alimentares e a outras necessidades básicas”.

A autarquia de Brampton conta no seu elenco municipal com dois vereadores lusocanadianos: além de Martin Medeiros, também Paul Vicente integra o executivo, o que promoveu uma aposta na informação e divulgação também em português.

“Os nossos serviços informam as várias comunidades existentes aqui na língua materna. Temos vários serviços disponíveis nessas mesmas línguas, inclusive em português, porque numa altura desta pandemia, é importante que os residentes tenham acesso à informação”, explicou.

Martin Medeiros lidera o grupo de trabalho municipal de preparação para a reabertura dos serviços, reconhecendo para já que só no final deste mês é que se “pode voltar ao novo normal”.

Na região de Peel foram identificados, até ao final desta semana, cerca de 5.000 casos de covid-19.

“Na cidade de Brampton tínhamos 2.560, um número mais alto que Mississauga, que tem mais 100 mil habitantes que nós. Antes de abrirmos, queremos fazê-lo em coordenação com a direção de saúde da região de Peel, seguindo também os conselhos da província do Ontário e de Otava, em segurança”, alertou.

O luso-canadiano está a preparar um relatório para apresentar dentro de duas semanas ao presidente do município, Patrick Brown, sobre a reabertura de vários serviços da autarquia e a utilização de ferramentas tecnológicas em virtude da pandemia.

Segundo dados do recenseamento canadiano de 2016, dos 593.638 residentes de Brampton, 52 por cento (308.780) não nasceram no Canadá, sendo as principais comunidades provenientes da Índia, Sri Lanka, Paquistão e Filipinas.

Viviam nessa altura na cidade 10.590 portugueses, mas calcula-se que hoje são mais de 20 mil.

SEYM // JH

Lusa/fim