O hidrogénio é algo vulgar na Alemanha, com o Governo a recorrer a ele para reduzir as emissões, alimentando as células de combustível (fuel cells) dos veículos eléctricos que não armazenam a sua energia em baterias. Em grande parte do território, a rede de abastecimento de gás natural mistura 10% de hidrogénio no circuito para reduzir as emissões resultantes da queima, mas o futuro do hidrogénio como matéria-prima nas fuel cells parece bastante mais promissor.

Talvez por os alemães continuarem a manter cerca de 80 centrais térmicas a carvão, a solução mais poluente para gerar electricidade, recorrem igualmente a uma série de soluções para reduzir o impacto ambiental. Os germânicos apostam em fontes renováveis, da energia eólica à fotovoltaica, mas o hidrogénio tem cada vez mais peso, enquanto combustível rodoviário, ainda que indirecto, pois os veículos que o vão utilizar têm exclusivamente locomoção eléctrica.

O estado da Baviera, com uma área 31% inferior à portuguesa, mas com uma população 24% superior e que produz anualmente mais do dobro da riqueza, anunciou que vai reforçar a oferta de estações de reabastecimento de hidrogénio, de forma a atingir uma centena de postos públicos, fruto de um investimento de 50 milhões de euros. Em toda a Alemanha, já existem cerca de 90 estações de abastecimento de H2, mas a Baviera está apostada em incrementar rapidamente este valor.

Hidrogénio: prepare-se para ser surpreendido

Para evitar os problemas e os riscos do transporte de hidrogénio em grandes camiões cisternas, a temperaturas extremamente baixas e grande pressão – 240ºC negativos e 700 bar –, estas estações de H2 produzem localmente o hidrogénio, através da electrólise da água, para depois o refrigerar e comprimir, recorrendo exclusivamente a energia solar ou eólica. Uma estação capaz de gerar 10 MW tem um custo aproximado de 800.000€, sendo capaz de abastecer uma frota de transportes públicos, veículos pesados para o transporte de carga e um número considerável de automóveis, sejam eles tipo táxis ou particulares.

Apesar deste importante investimento, não há muitas marcas alemãs a apostar em veículos eléctricos capazes de produzir electricidade a bordo, através de fuel cells. Os grupos BMW e Volkswagen, além da Daimler, praticamente abandonaram esta solução tecnológica, apesar de agora poderem recuperá-la, ainda que timidamente, dado a Toyota ter libertado as patentes da primeira geração da sua fuel cell.

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