É das figuras mais presentes em todos os títulos conquistados pelo Bayern nas últimas quatro décadas, é também uma das figuras menos mediáticas em todos os títulos conquistados pelo Bayern nas últimas quatro décadas. Para uns, trata-se de um génio, um predestinado. Para outros, não passa de um charlatão, um embuste. Aos 67 anos, Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt vai deixar o clube no final da época. Mas quem é este médico tão falado?

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Responsável pelo departamento clínico da seleção alemã e no conjunto bávaro desde abril de 1977, com uma pequena interrupção entre abril de 2015 e novembro de 2017 quando decidiu bater com a porta irritado com as críticas que foram feitas ao seu desempenho após a derrota por 3-1 no Dragão frente ao FC Porto nos quartos da Liga dos Campeões (numa altura em que Pep Guardiola era o treinador, sendo que a eliminatória seria revertida em Munique com uma goleada por 6-1 aos azuis e brancos), Müller-Wohlfahrt sempre foi visto como uma figura misteriosa e capaz de utilizar métodos menos tradicionais como o uso de uma substância retirada da crista dos galos para ajudar a recuperar lesões nos joelhos ou injeções de Myo-Melcain ou Actovegin.

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Do futebol (Klinsmann, Ronaldo Fenómeno, Gerrard, Owen ou Woodgate) ao atletismo (Usain Bolt, Paula Radcliffe ou Maurice Green), passando pelo milagre conseguido com o espanhol José María Olazábal para que conseguisse recuperar dos efeitos incapacitantes da artrite reumatóide para ganhar ainda o Masters de Augusta em 1999 ou pelo trabalho feito com o antigo tenista Boris Becker ou o maior esquiador de sempre, Bode Miller, foram muitos os casos de sucesso do médico que se tornou uma referência em termos mundiais, ao ponto de Bolt, o homem mais rápido de sempre, tratá-lo como “um segundo pai” pela forma como conseguiu que estivesse nas melhores condições nos Jogos de 2012 em Londres e também de 2016, no Rio de Janeiro.

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“Fez um excelente trabalho no Bayern ao longo de 40 anos. De Franz Beckenbauer a Gerd Müller, passando por Klaus Augenthaler e Bastian Schweinsteiger até chegarmos a Thomas Müller e Robert Lewandowski, todos têm uma dívida de gratidão com ele”, comentou Karl-Heinz Rummenigge, presidente dos bávaros e um dos melhores jogadores de sempre da equipa e do futebol alemão. “Aquilo que sempre me impressionou mais foi a capacidade que teve sempre em formular um diagnóstico desde o primeiro exame, sem recorrer ainda a radiografias e às ressonâncias magnéticas modernas. E faz isso com as suas mãos, que devem ter algo de mágico”, acrescentou Joachim Löw, antigo adjunto de Klinsmann na Mannschaft que lidera a seleção desde 2006.

“Quando passo em revista os meus 40 anos no Bayern, sinto-me feliz, muito satisfeito. As experiências que todos partilhámos, os êxitos que celebrámos juntos e todas as pessoas que conheci neste clube, que marcaram e muito a minha vida”, comentou o médico também conhecido por Mull, considerado por Jupp Heynckes, outro dos técnicos mais importantes na história dos bávaros, como “um génio e um maestro na sua disciplina”. “Já diagnostiquei 35.000 lesões musculares na linha vida e adquiri essa capacidade no meu exercício diário, tal como um pianista ou um violinista”, explicou um dia o responsável que vai agora ficar apenas pelas suas clínicas privadas.

Ao todo, Müller-Wohlfahrt esteve nas equipas que conquistaram 22 Campeonatos, 13 Taças da Alemanha, cinco Supertaças, seis Taças da Liga, duas Ligas dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Supertaça Europeia, uma Taça Intercontinental e um Mundial de Clubes. Mas a temporada ainda não terminou e o currículo, já com 52 títulos, pode aumentar ainda em mais três troféus, um deles considerado já por todos como uma mera questão de tempo e que subiu mais um degrau depois da décima vitória consecutiva na Bundesliga com o B. Mönchengladbach.

Com pesos pesados da equipa de fora como Lewandowski, Müller, ou Thiago Alcântara de fora, o Bayern teve um primeiro susto com um golo de Stindl anulado aos 15′ pelo VAR antes de se reencontrar com o seu jogo e criar a melhor oportunidade até aí, onde Lucas Hernández surgiu isolado na área mas permitiu a defesa ao internacional suíço Sommer, o guarda-redes com mais defesas na Bundesliga. Pouco depois, Embolo falhou o mais fácil frente a Manuel Neuer mas seriam mesmo os bávaros a inaugurarem o marcador por Zikzee, avançado holandês de 19 anos que aproveitou um erro crasso de Sommer numa saída de bola para empurrar para a baliza deserta e marcar o quarto golo na prova onde tem uma média de um golo por cada… 54 minutos (26′). Ainda assim, o B. Mönchengladbach não desistiu e empatou ainda antes do intervalo, com o francês Pavard a desviar um cruzamento da direita para a própria baliza e a dar alguma justiça ao marcador (37′).

No segundo tempo, os visitantes voltaram a entrar melhor, Neuer evitou por duas ocasiões a reviravolta, mas o passar dos minutos e as entradas de elementos como Alphonso Davies ou Coman deram outro peso ao Bayern, que conseguiu agarrar em definitivo o encontro e criar oportunidades como um remate bem colocado de Gnabry que Sommer conseguiu desviar no limite para canto. No entanto, seria preciso esperar até quatro minutos do final para os bávaros voltarem mais uma vez à vantagem, com Pavard a ganhar uma bola perdida na direita perante a passividade de Wendt e a cruzar para o desvio de Goretzka para o 2-1 final que decidiu o encontro.