O Observatório para a Liberdade Religiosa admitiu esta segunda-feira que as “experiências digitais” no culto religioso adotadas durante o confinamento provocado pela pandemia têm “potencial para se tornarem definitivas”.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira a propósito do Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religiosa, os investigadores do observatório ligado à Universidade Lusófona afirmam que a retoma pós-confinamento nas igrejas deve ser assumida “pelos ministros de culto e responsáveis” sintonizados com as recomendações de saúde e segurança de autoridades locais “admitindo, por exemplo, a adaptação de rituais e a manutenção das experiências digitais testadas nas semanas do confinamento, com potencial para se tornarem definitivas”.

Assinalam como “genericamente, os grupos religiosos se adaptaram em Portugal ao confinamento e, agora, ao desconfinamento”, antecipando as medidas adotadas para o culto durante o estado de emergência que vigorou durante 45 dias a partir de 17 de março.

“Foram semanas de provação para todas as comunidades religiosas”, destaca o Observatório, que assinala o “sentido de cidadania e responsabilidade” que se mantém, “apesar de episódicas situações”.

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O cumprimento destas medidas não é inócuo para as comunidades religiosas, destaca o Observatório, que assinala a sua “gravidade simbólica”.

“Os espaços vazios de gente são agora lugar de um cenário paradoxal, em que máscara, distanciamento físico e desinfeção contrariam, necessariamente, o sentimento de segurança e confiança que caracteriza a presença em grupo para celebrar a fé”, consideram.

Como em outras áreas do trabalho ou da organização social, adotam-se nas igrejas alternativas “no campo digital, das comunidades e de cada indivíduo para colmatarem a distância”.

“Sabemos já que o aumento desta oferta digital no campo religioso promoveu, consequentemente, adesões novas e diferentes. Só o retorno à normalidade clarificará se são apenas transitórias as plataformas num momento extraordinário ou se vão fixar-se como novas redes de pertença, reinventando a experiência religiosa”, afirmam.

O Observatório destaca a importância de “solidariedade e caridade” por parte das comunidades religiosas, com o desconfinamento a exigir “apoios em rede das autarquias e do estado central, facilitando, se tal for solicitado e necessário, a sustentabilidade e as logísticas de segurança para a frequência dos espaços religiosos e para o trabalho de intervenção solidária”.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 468 mil mortos e infetou quase 9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.534 pessoas das 39.392 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.