A região administrativa do sul da Dinamarca ameaça com “consequências no emprego” quem viajar para os países desaconselhados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país, o que inclui Portugal. Uma carta enviada a 25 mil funcionários argumenta que a viagem “pode ser considerado um incumprimento material da contratação”.

O Governo central dinamarquês desaconselha — mas não proíbe — a deslocação dos cidadãos para países que tenham uma média de pelo menos 30 novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes na semana anterior à data da viagem. Portugal e Suécia estão na lista do Executivo.

De acordo com o JydskeVestkysten, um dos mais importantes jornais regionais da Dinamarca, o documento enviado aos trabalhadores diz que a administração regional aconselha “fortemente” a evitar viagens para esses países, sob pena de perder o emprego.

Questionado pelo jornal, Lene Borregaard, diretor de recursos humanos da região administrativa do sul da Dinamarca, disse que a carta era um mero exercício de “comunicação transparente” para garantir que os funcionários não tenham “surpresas desagradáveis no regresso das férias”.

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Segundo Lene Borregaard, qualquer funcionário pode viajar para o destino que escolher mas podem ter problemas no local de trabalho se essa deslocação exigir uma quarentena à chegada: “Os funcionários têm a obrigação de ir trabalhar depois de as férias acabarem”, argumenta.

Em declarações ao mesmo JydskeVestkysten, John Christiansen, do Conselho Dinamarquês de Enfermagem, considerou “exagerada” a mensagem do governo regional e afirma que, se os trabalhadores contarem com o cumprimento de uma quarentena obrigatória de 14 dias após as férias, a viagem não deve ser um problema.

“As diretrizes mudam a todo o momento, por isso é complexo. Todos os funcionários, e não apenas os enfermeiros, sentem que realmente contribuímos muito durante a crise. Há um grande entendimento de que há cuidados que devem ser tomados. Mas isso exige mais orientação do que ameaças“, prossegue o especialista.