Ninguém entra e ninguém sai. Esta é a regra que vigora na Noruega, um raro exemplo na Europa que mantém as fronteiras fechadas para cidadãos estrangeiros sem autorização de residência no país e que desaconselha qualquer viagem para o exterior pelo menos até meados de agosto.
Nem mesmo os países que fazem parte do Espaço Schengen ou da vizinha União Europeia escapam às imposições norueguesas. Na verdade, só há uma exceção: Dinamarca, Finlândia, Islândia e Suécia — os vizinhos nórdicos, portanto. E só se cumprirem as recomendações do Instituto de Saúde Pública norueguês.
Mesmo assim, há uma regra a que ninguém, nem mesmo a irmandade nórdica, pode falhar: a quarentena obrigatória. “Quem entrar na Noruega” — incluindo os noruegueses que não seguirem os conselhos do governo para não viajar — “fica sujeito a uma quarentena de 10 dias”.
Este princípio vem de um dos países que melhor conseguiu controlar a epidemia de Covid-19. Mas trouxe prejuízo a alguns cidadãos noruegueses, como revela uma reportagem do La Libre. É o caso de Bettina Wintermark, uma cabeleireira de 59 anos, impedida de viajar até França para visitar a mãe, em estado terminal, por não ter condições financeiras de ficar de quarentena:
É um pesadelo. Se a Noruega não tivesse restrições tão severas, eu teria saído imediatamente. Mas está fora de questão ir e voltar com a França porque não posso pagar dez dias de quarentena em cada uma das viagens”, descreveu ela ao jornal belga.
Outros países, embora não tenham as fronteiras tão fechadas quanto a Noruega, também exigem um período de quarentena a quem entra ou sai — mesmo se a origem for um país da União Europeia ou do Espaço Schengen. A Áustria, por exemplo, decretou “uma quarentena doméstica de 14 dias com monitoramento pessoal” que pode ser terminada mais cedo se “um teste ao SARS-CoV-2 for negativo”.
Portugal não exige esse período de quarentena e, apesar de impedir a entrada de viajantes de fora da União Europeia, abre algumas exceções: Reino Unido, Noruega, Islândia, Liechtenstein, Suíça, Canadá, Estados Unidos da América, Venezuela, África do Sul e todos os países de língua oficial portuguesa — em suma, os países com grandes comunidades portugueses. Mas as fronteiras com Espanha permanecerão fechadas até 1 de julho.
Por outro lado, e tal como o Observador já noticiou, há seis países que proíbem a entrada de cidadãos residentes em Portugal: Dinamarca, Finlândia, Áustria, Lituânia, Eslováquia, Letónia, Chipre e Malta. Os países justificam esta decisão com o elevado número de novos casos diários por 100 mil habitantes que Portugal apresenta. Mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinha que o país “reserva-se o direito de aplicar o princípio da reciprocidade”.