Há pelo menos três concelhias do PSD na distrital do Porto, a maior do país, às quais ninguém quis concorrer. Em Lousada, Valongo e Paços de Ferreira as eleições foram todas marcadas para sábado, 27, mas até à meia-noite de quarta-feira — o limite máximo para entrega das listas na mesa local — não foram entregues quaisquer listas. Segundo apurou o Observador junto de fontes locais, em pelo menos dois destes três casos as comissões políticas (que tinham apoiado Luís Montenegro) não se quiseram recandidatar para dar espaço a adversários críticos, que apoiaram Rui Rio nas últimas diretas, mas até ao fim do prazo ninguém apareceu. A ausência de candidatos nestas estruturas já tinha sido esta tarde noticiada pela revista Visão.

Um desses casos é Lousada, que é uma secção presidida pelo antigo líder da JSD, Cristóvão Simão Ribeiro, que avisou logo em janeiro que não se iria recandidatar. Ao que o Observador apurou junto de fontes do PSD local, a atual comissão política de Lousada estava um pouco agastada pela forma como era tratada pela distrital e pelos críticos na concelhia que tinham apoiado Rui Rio.

Cristóvão Simão Ribeiro, que tinha apoiado Luís Montenegro, dedicou-se nos últimos meses à vida profissional e contava sair da direção concelhia, mas agora terá de ficar como presidente interino até haver lista e novas eleições. “No PSD o poder nunca cai na rua, a equipa que está mantém-se em funções até ser eleita nova comissão política”, disse ao Observador um dirigente da distrital do Porto.

Em Valongo aconteceu o mesmo. O Observador sabe que a atual comissão política também decidiu não se recandidatar e, segundo fontes do PSD local, há um ponto em comum com Lousada: os atuais dirigentes também dar espaço aos que os criticaram nos últimos anos para que avançassem. A presidente da concelhia, Maria Trindade Vale, tinha apoiado Luís Montenegro nas últimas diretas contra o atual presidente do partido. “Havia a expectativa que essas pessoas que apoiaram Rui Rio e estão sempre contra, que foram sempre terceiras e quartas linhas no partido, se apresentassem a eleições, com surpresa, ninguém apareceu”, disse um militante do PSD Valongo ao Observador.

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Outra fonte da concelhia disse que a ausência de listas é o “reflexo do grau de desmotivação que tem existido”. O atual presidente, completa a mesma fonte, “faz uma gestão unipessoal do partido, o que é lá com ele, mas as distritais e as concelhias cada vez contam menos, o que desmotiva”. E acrescenta: “Há uma letargia, uma falta de interesse no partido de que não há memória”.

No PSD/Paços de Ferreira ninguém apresentou lista, mas por motivos diferentes. Joaquim Pinto não se quer recandidatar e há duas pessoas na calha para lhe sucederem. Segundo explicou ao Observador uma fonte da distrital “a concelhia esteve empenhada na preparação do processo para a distrital e não teve tempo para fechar uma lista”. Além disso, explica a mesma fonte, “na concelhia estão a tentar uma lista de unidade, para não have divisões, o que é importante para as autárquicas”.

Quem vai mesmo a votos é a concelhia do Porto e também com uma lista única (encabeçada por Miguel Seabra), o que mostra que o partido está adormecido (há dois anos tinham existido três candidatos). Mesmo na lista de delegados pela concelhia do Porto só há uma lista. O candidato à Mesa Distrital é o eurodeputado Paulo Rangel.

A distrital do Porto também vai a votos com lista única. O deputado e presidente da junta de freguesia de Paredes (Porto), Alberto Machado — que tem sido apoiante de Rui Rio nas últimas batalhas internas — é recandidato.