O secretário de Estado da Saúde não quis fazer previsões relativamente à possibilidade de haver ou não público na Final Eight da Liga dos Campeões, que irá decorrer em Lisboa. Mas, tendo em conta a atual situação pandémica, António Lacerda Sales não hesitou: “nesta fase, obviamente que não”.

“Não sabemos como vai ser a evolução da pandemia e, tal como temos feito noutras situações, tomamos medidas de acordo com o que é a evolução e a própria proporcionalidade evolutiva da pandemia e portanto não poderei antecipar o futuro. Nesta fase, obviamente que não”, afirmou o governante, esta segunda-feira, durante a conferência de imprensa sobre a situação epidemiológica em Portugal.

Ainda sobre a Champions, Lacerda Sales destacou o trabalho “muito intenso” que sido feito entre o Estado Português, a Direção-Geral da Saúde (DGS), a Federação Portuguesa de Futebol e a UEFA.

Temos estado a fazer um trabalho conjunto com grande confiança e com grande entreajuda e garantidamente será um projeto de grande sucesso, onde obviamente a saúde e a segurança de todos os participantes e intervenientes são para nós o mais importante.”

A diretora-geral da Saúde também afirmou que foi alterada “ligeiramente” a política de testagem, com a Federação Portuguesa de Futebol e “com o acordo dos médicos da Liga”, para “permitir que pessoas que já tiveram comprovadamente a doença, que já foram positivas, que já testaram negativas” e que, mais tarde, venham a ter um teste positivos “possam ter um tratamento diferente e não serem considerados casos positivos”.

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Isto porque, segundo Graça Freitas, há doentes que, apesar de terem tido dois testes negativos, “passado um tempo” têm um teste positivo, porque ainda têm “partículas presentes na garganta”. “Esse teste pode dar positivo sem que isso dê infeção. Significa que essa pessoa não está infetada nem transmite [a doença] aos outros.”

Lisboa e Vale do Tejo: secretário de Estado da Saúde anuncia novo reforço de médicos

No início da conferência de imprensa desta segunda-feira, o secretário de Estado da Saúde anunciou um reforço dos serviços de saúde pública das unidades de saúde dos concelhos mais afetados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Além do reforço de 20 médicos anunciado na semana passada, António Lacerda Sales disse que se prevê ” a entrada de mais 10 em função esta semana”.

Adicionalmente está em curso a entrada de cerca de 80 médicos internos provenientes de vários hospitais, em especial para trabalho em tempo parcial. Estão ainda em formação 40 internos.”

O governante deu ainda conta de que 3.143 profissionais de saúde que estiveram infetados com o novo coronavírus já recuperaram, o que representa “mais de 80% dos profissionais que tiveram a doença e que estão de volta aos seus empregos”.

Quanto às férias dos profissionais de saúde, Lacerda Sales indiciou que a situação está a ser avaliada em permanência entre o Ministério da Saúde, as Administrações Regionais de Saúde, os Conselhos de Administração dos hospitais e os Conselhos Diretivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde.

Há cerca de um mês e meio que estamos a fazer escalas para prevenir situações de maior confluência“, afirmou o governante, acrescentando que há mais de 3.572 profissionais de saúde — dados de dia 26 de junho.

Estamos relativamente tranquilos, sabendo que pode haver períodos, por uma razão ou outra, nesta ou naquela instituição, de acordo com este ou aquele surto, possa ter de haver uma reorganização, uma realocação destes profissionais de saúde.”

Lar em São Domingos de Rana tem 41 utentes infetados. Uma pessoa morreu

Relativamente aos surtos em lares de idosos, Lacerda Sales referiu que atualmente há 213 lares com situações de Covid-19, o que corresponde a 8,4% do universo de estruturas residenciais para idosos a nível nacional. Há 1.528 utentes infetados — menos 58 do que ontem — dos quais 145 estão internados e ainda se aguardam os resultados de cerca de 303 utentes. Há ainda 707 profissionais infetados num universo de 9797.

O coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo adiantou que há 41 utentes num lar em São Domingos de Rana que testaram positivo para o novo coronavírus, num universo de 46 idosos.

“Uma pessoa morreu no hospital”, informou Rui Portugal, acrescentando que há seis profissionais positivos, sendo que todos os trabalhadores já foram testados.

Rui Portugal deu ainda conta de 16 casos positivos num lar em Vale de Lobos, em Sintra, e 19 infetados numa instituição no Barreiro.

Graça Freitas disse que os lares “continuam a ser uma grande preocupação” e que estão a ser “adaptados e atualizados orientações e normativos” para uma maior eficácia no combate aos surtos em lares.

A diretora-geral voltou a referir que os trabalhadores são aqueles que, habitualmente, introduzem o vírus nos lares, pelo que lançou um apelo aos funcionários para cumprirem “todas as regras que estão definidas”. E destacou a importância de rapidamente se reportarem às autoridades de saúde os primeiros casos.

Reforço das equipas que estão no terreno em Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa

O coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo anunciou que, esta segunda-feira, haverá um reforço das equipas que estão no terreno no âmbito do combate à Covid-19 nesta região.

Serão três equipas no concelho de Loures, uma equipa em Odivelas, duas equipas na Amadora, três equipas em Sintra e três equipas “para já” na cidade de Lisboa.

[As equipas] estão organizadas em termos de unidade de cuidados na comunidade, Proteção Civil, Segurança Social e um apoio das forças de segurança, se necessário, para que seja efetivado o isolamento”, afirmou Rui Portugal. “Não chega só a determinação do isolamento, ele de ser efetuado.”

Rui Portugal destacou ainda a importância de as autoridades de saúde “em diferentes locais” terem “decisões equivalentes, para situações equivalentes”, demonstrando assim “equidade e eficácia” e para que se possa “controlar e suprimir tanto quanto possível a doença”.

“Não há sobrecarga” dos hospitais em Lisboa

O secretário de Estado da Saúde adiantou ainda que a situação de Lisboa e Vale do Tejo “continua a ser a que inspira mais atenção por parte das autoridades de saúde”.

Lacerda Sales disse que a ocupação em unidades de cuidados intensivos nos hospitais da região é de 66%, o que está “muito em linha com o resto do país que é de 65%”.

Destes, apenas 20% são doentes Covid. Não há sobrecarga e existe capacidade para continuar a dar resposta” às necessidades da população.

Uma das perguntas dos jornalistas foi sobre as críticas relativamente à falta de coordenação entre hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo e ao facto de os hospitais Amadora-Sintra e Beatriz Ângelo estarem a transferir doentes para unidades hospitalares como Abrantes e o Hospital Militar em vez do Hospital Curry Cabral.

O coordenador do Gabinete Regional de Intervenção para a Supressão da Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo adiantou que a coordenação entre hospitais é realizada pelas Administrações Regionais de Saúde.

Rui Portugal considerou ainda que as opções que foram feitas “são provavelmente as melhores opções relativamente aos contextos dos doentes, às garantias que davam relativamente a estas transferências e ainda àquilo que é a própria capacidade de recurso que um hospital como o Curry Cabral possa ter”.

“Não é obrigatório que a referenciação de todos os casos de doenças infecciosas seja feita para hospitais de referência numa primeira fase da pandemia.”

DGS: “Houve uma grande coerência nas medidas preventivas”

A diretora-geral da Saúde sublinhou a “coerência” das medidas de saúde pública que foram tomadas ao longo dos meses devido à pandemia de Covid-19.

“Houve aqui uma grande coerência nas medidas preventivas que foram sendo aconselhadas”, afirmou Graça Freitas, acrescentando que se não fosse “este conjunto de medias adotadas” pelo país, “desde fevereiro pelo menos”, não se teria assistido a uma “evolução moderada, sem pressão nos serviços de saúde e sem uma mortalidade acentuada”

Segundo Graça Freitas, estas medidas seguiram “as melhores práticas internacionais e foi acompanhando a evolução da situação.”

A primeira grande medida é de facto o distanciamento físico entre as pessoas e quando há doentes e contactos [próximos], o isolamento em domicílio e dentro do próprio domicílio, para não se contagiar os habitantes.”

Transportes públicos: média de taxa de ocupação, ao longo do dia, entre os 40% e os 45%

O secretário de Estado da Saúde adiantou que está a decorrer, no Ministério das Infraestrturas, uma reunião para serem tomadas medidas relativamente aos transportes públicos. Laceda Sales disse ainda que, em média, os transportes públicos têm tido uma taxa de ocupação, ao longo do dia, entre os 40% e os 45%.

Evidentemente, algumas viagens ao longo do dia têm uma sobrecarga essa situação preocupa-nos”, disse o governante, acrescentando que “é importante o número de transportes, mas também as medidas adicionais que contribuem para a segurança das pessoas”.

É o caso das medidas de limpeza e de desinfeção, tendo o secretário de Estado informado que há “cerca de 700 pessoas a trabalhar na limpeza deste transportes”.

Aplicações: “as pessoas só disponibilizam os dados que entendem”

Relativamente a aplicações, a diretora-geral da Saúde afirmou que já estavam a ser desenvolvidos protótipos, mas que toda essa questão cabe aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

“A SPMS tem toda a capacidade tecnológica para desenvolver uma aplicação e as regras seguidas é que será voluntário, as pessoas só disponibilizam os dados que entendem. O desenvolvimento tecnológico será feito de acordo com quem tem esse know-how, não é a DGS.”

Graça Freitas sublinhou ainda a necessidade de haver formação “quer para as próprias pessoas” quer para as autoridades de saúde que retiram dessa aplicação a informação necessária.