A maioria dos russos votou “sim” a uma proposta de revisão constitucional que foi levada a votos no país excecionalmente durante uma semana, para evitar concentrações junto às urnas de modo a conter a propagação do novo coronavírus.

O conjunto de emendas, que os cidadãos russos foram desafiados a aprovar ou rejeitar indiscriminadamente (o referendo era de “sim” ou “não”), inclui uma alteração que permitirá ao presidente do país, Vladimir Putin, governar até 2036. Se tal acontecer, o antigo agente do KGB vai “ultrapassar Estaline como o líder que serviu o país durante mais tempo”, lembra o jornal The Moscow Times. Putin é presidente desde 2000.

Embora a contagem de votos ainda prossiga na Rússia, a maioria das urnas do país já fechou, 25% dos votos já terão sido contados e os primeiros resultados são suficientemente sólidos para prever que as emendas à Constituição da Rússia serão aprovadas. As primeiras contagens apontam para que perto de 70% dos eleitores tenham votado favoravelmente as alterações à lei que rege o país, refere a agência de notícias Associated Press.

O voto nas urnas, favorável ou negativo, era dado a uma série de “mais de 200 emendas à Constituição”, que incluíam um reforço de apoios do Estado no setor social e nas pensões mas também a afirmação da fé dos russos em Deus e a definição do casamento como algo possível apenas entre um homem e uma mulher. Estas alterações são, no seu conjunto, a maior revisão da Constituição feita desde que esta foi escrita, dois anos depois da queda da União Soviética em 1991, refere o Moscow Times.

A agência Associated Press nota, no entanto, que este sufrágio eleitoral ficou marcado por amplos relatos de pressões a eleitores e de outras irregularidades, por críticos do Kremlin e de Vladimir Putin. E acrescenta que houve “uma campanha massiva de propaganda” e um “fracasso da oposição em organizar-se para desafiar Putin”, embora o sufrágio possa “acabar a deteriorar a posição [de Putin] devido aos métodos pouco convencionais usados para estimular a participação [eleitoral] e as bases legais duvidosas para a votação”.

Já o Moscow Times dá conta de uma curiosidade: refere que antes mesmo da votação começar, a 25 de junho, algumas livrarias de Moscovo já tinham começado a vender cópias da nova Constituição.

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