A angolana Isabel dos Santos pediu, em abril, que o seu salário como administradora da telecom Unitel passasse a ser pago “em numerário e em mão”, noticia o jornal Público esta segunda-feira. Este pedido foi feito em carta enviada à direção de recursos humanos da Unitel, depois de a empresária ter visto as contas bancárias arrestadas, mas foi rejeitado pelo conselho de administração.

“[Solicito] que a partir da data de hoje a forma de pagamento da remuneração acordada seja efetuada em numerário e em mão, para levantamento na sede da empresa ou num balcão do banco que me vier a ser indicado por V/ para o efeito”, escreveu Isabel dos Santos, numa carta de abril noticiada pelo Público.

Isabel dos Santos manteve-se na administração da Unitel apesar de a participação de 25% no capital da operadora (detida através de uma offshore nas Ilhas Virgens britânicas) lhe ter sido arrestada pela justiça angolana. Pela função executiva, recebe um ordenado de cerca de 50 mil dólares, 14 vezes, o que corresponde a cerca de 44 mil euros mensais. Tem mandato até maio de 2021.

O conselho de administração, porém, rejeitou o pedido, o que levou a que Isabel dos Santos ameaçasse com um processo judicial, caso o pagamento dos salários não fosse feito “conforme instruções enviadas à sociedade” – uma ameaça que, segundo as informações obtidas pelo Público, foi ignorada.

O conselho de administração defende-se com o que está dito no contrato de Isabel dos Santos e dos outros administradores: o salário é para ser pago por transferência bancária para uma conta bancária em Angola. “Qualquer alteração desta forma de pagamento pressupõe uma alteração contratual que não se considera oportuna fazer atualmente”, respondeu a direção jurídica da Unitel.

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