Esta quinta e sexta-feira serão os dias mais quentes de uma semana que promete fazer com que os termómetros ultrapassem os 40º em Portugal. As zonas do Alentejo e Ribatejo serão as mais afetadas pela onda de calor com origem no norte de África, mas o tempo quente irá fazer-se sentir por todo o país, com máximas que rondarão entre os 30º e os 35º na generalidade do território. Oito distritos estão em alerta laranja esta quinta-feira, e a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou um plano de contingência para as temperaturas extremas. Manter o corpo hidratado e fresco são alguns dos conselhos do organismo.
A culpa do calor extremo, que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) acredita que se fará sentir até domingo, é de um anticiclone localizado a nordeste dos Açores, que se estende até ao Golfo da Biscaia, no País Basco, e que, em conjunto com um vale depressionário, origina o transporte de uma massa de ar quente do norte de África para a Península Ibérica. Isto significa que também Espanha irá sofrer uma subida acentuada das temperaturas, com algumas localidades a aproximarem-se dos 40º a partir de sexta-feira, mas será em Portugal continental que os efeitos da massa de ar quente se farão sobretudo sentir.
De acordo com o IPMA, as temperaturas máximas deverão variar entre os 30º e os 35º na generalidade do território português. Os valores serão, contudo, superiores em muitos locais do interior do país. As zonas mais problemáticas são o Alentejo, Ribatejo e parte da Estremadura — para esta quinta-feira, estão previstos 41º para as localidades de Santarém e Évora, 40º para Setúbal e Beja e 38º para Braga, Coimbra, Castelo Branco, Portalegre e Lisboa. Para o Porto, a previsão é de 35º e, para Faro, de 36º.
Estes valores, acima do habitual para a época, podem mesmo vir a ser superiores nalgumas regiões durante o dia de sexta-feira — a previsão atualmente disponível no site do IPMA refere que em Santarém poderá atingir os 42º, mantendo-se os 41º em Évora. Beja poderá chegar aos 41º e Castelo Branco e Portalegre aos 39º. Lisboa poderá descer para 36º e o Porto subir para os 37º. Nos Açores e Madeira, os termómetros rondarão os 25º, tendo sido emitido um alerta de risco extremo de exposição à radiação ultravioleta (UV) no arquipélago madeirense.
Mas não é apenas em relação às máximas que o tempo quente se fará sentir. O final desta semana será ainda marcado por “noites tropicais”, com mínimas que deverão variar entre os 20º e os 25º. Lisboa será a localidade com a mínima mais alta (25º) nesta quinta-feira, com Bragança e Guarda a registarem a mais baixa (16º). Para sexta-feira, o IPMA está a prever uma temperatura mínima de 27º para Lisboa e Portalegre. Bragança deverá manter os 16º, mas na Guarda as mínimas poderão atingir os 17º. Nas ilhas, estarão entre 19º a 20º.
A situação meteorológica anómala levou o IPMA a colocar oito distritos de Portugal continental em alerta laranja durante a tarde de quinta-feira. São eles: Braga, Porto, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal, Évora e Beja. Os restantes distritos de Portugal continental estão sob aviso amarelo até às 18h de sexta-feira. O alerta entrará em vigor a partir das 12h e permanecerá até às 18h de sexta-feira.
DGS deixa recomendações e alerta para “efeitos negativos” das temperaturas extremas na saúde
Como é habitual em situações de temperaturas extremas, a Direção-Geral da Saúde publicou no seu site um conjunto de recomendações dirigidas à população, que deve ter como principal preocupação “manter o corpo hidratado e fresco”, explicou ao Observador no início desta semana Andreia Silva, do mesmo organismo. À semelhança de anos anteriores, foi também divulgado pelo organismo um Plano de Contingência para Temperaturas Extremas Adversas, que pretende minimizar os efeitos do calor na saúde da população.
“As diversas unidades de saúde do país estão preparadas e têm um plano específico adequado à sua população”, disse Andreia Silva, sublinhando que a questão do calor, “além de ser sazonal, também tem de ser vista em função da localização geográfica”. É, no entanto, nos cidadãos que a prevenção deve começar. A responsável chamou a atenção para os “efeitos negativos” que “as temperaturas extremas podem ter na saúde”, sobretudo junto dos mais vulneráveis, que pode sofrer um “agravamento dos problemas de saúde já existentes”.
Conheça as recomendações da DGS para os dias de calor e os cuidados que cada grupo de risco deve ter
De acordo com a DGS, existem seis grupos de risco: crianças nos primeiros anos de vida; pessoas com 65 ou mais anos; portadores de doenças crónicas; pessoas que desenvolvem atividade no exterior, expostos ao sol e/ou ao calor; praticantes de atividade física; e pessoas isoladas e em carência económica e social. Para estes, o organismo tem recomendações específicas, além daquelas que se aplicam a todos os portugueses:
- Beba água ou sumos de fruta natural, mesmo quando não tem sede, e evite o consumo de bebidas alcoólicas;
- Faça refeições frias, leves e coma mais vezes ao dia;
- Utilize roupa larga, que cubra a maior parte do seu corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol;
- Mantenha-se em ambientes frescos, pelo menos duas a três horas por dia;
- Evite a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11h e as 17h.
- Utilize protetor solar com fator > 30 e renove a sua aplicação de duas em duas horas;
- Se trabalhar no exterior, faça-o acompanhado porque em situações de calor extremo poderá ficar confuso ou perder a consciência;
- Tenha especial atenção com os doentes crónicos, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida;
- No período de maior calor, corra as persianas ou portadas; ao entardecer deixe que o ar circule pela casa;
- Mantenha-se informado relativamente às condições climáticas para poder adotar os cuidados necessários.
Em casos extremos, a exposição ao calor intenso pode gerar condições clínicas que necessitam tratamento médico. Os efeitos mais graves são, segundo a DGS, as cãibras por calor, o golpe de calor e o esgotamento devido ao calor. “É importante reconhecer os sinais e sintomas, de forma a tomar as medidas necessárias o mais rápido possível”, refere o organismo no seu site.
Artigo atualizado às 9h33