Primeiro foi o Flamengo, a anunciar que o técnico se estava a desligar. Lamentou a perda do seu “vitorioso técnico”, falou numa “performance espetacular” e agradeceu. Depois, pouco mais de meia hora a seguir, entrou em cena o Benfica, de forma mais formal porque o facto de ser uma sociedade cotada em Bolsa a isso obriga, a admitir que tinha “encetado negociações para contratar o técnico” com uma oferta que tinha sido aceite, antes de resumir o regresso a uma frase nas redes sociais: “Bem-vindo, JJ”. Faltava o intérprete principal de uma longa novela que fechou com o terceiro capítulo menos de duas horas depois, que virou a página na carreira de forma emocionada.
“Foram 13 meses de uma união perfeita, tempo em que fui muito feliz, me senti em casa, tivemos conquistas inesquecíveis. Mas hoje nos reunimos com a diretoria do Flamengo e decidimos que era o momento de encerrar nossa relação, sem mágoas, ressentimentos. Um rompimento que não deixará cicatrizes, somente lembranças de vitórias e títulos, de emoções que carregarei para toda vida”, escreveu o treinador no Instagram.
“Fim de um ciclo, chegou a hora de voltar a Portugal. O Flamengo, tenho certeza, seguirá a sua trajetória vitoriosa porque conta com elenco e estrutura à altura de sua grandeza. Ao clube, sua diretoria e seus funcionários, a esse grupo fantástico de jogadores, à Nação rubro-negra, minha eterna gratidão, vocês permanecerão para sempre em meu coração”, acrescentou ainda Jorge Jesus, que, desta vez, e ao contrário do que aconteceu na mensagem que deixou antes da segunda mão da final do Campeonato Carioca, deixou os comentários ativos.
Em declarações exclusivas ao jornal Record, feitas após os anúncios de Flamengo e Benfica, o treinador explicou pela primeira vez o porquê da troca: “Este era o momento certo para voltar ao Benfica”. Um outro pormenor, que o técnico soube entretanto por pessoas próximas: quando foi comunicado no site dos encarnados que estava de regresso, a página esteve em baixo durante alguns minutos pelo número excessivo de acessos.
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“O Flamengo existe há 125 anos, passa Jorge Jesus e esta direção, as pessoas passam… Estamos tristes porque não era o queríamos, tanto que renovámos o contrato. O presidente Landim esforçou-se para há um mês para fazer a renovação. Agora, nesse segundo momento, houve um outro entendimento do Jorge Jesus, que eu tenho de respeitar. O Jorge Jesus sai pela porta da frente e de uma forma correta e muito humana. O Flamengo fica feliz com o serviço prestado e a vida segue”, comento Marcos Braz, vice-presidente para o futebol.
Em pouco mais de um ano, Jorge Jesus, que nunca tinha treinado no estrangeiro até sair do Sporting para o Al Hilal, da Arábia Saudita e, mais tarde, para o Brasil, conquistou cinco títulos ao serviço do Flamengo: Libertadores, Campeonato (estes apenas em 24 horas, aproveitando uma derrota do Palmeiras enquanto os rubro-negros estavam no Rio de Janeiro a festejar a conquista da principal prova sul-americana), Supertaça do Brasil, Supertaça Sul-Americana e Campeonato Carioca (com a vitória na Taça Guanabara, primeira volta do torneio). Em paralelo, a equipa chegou ainda à final do Mundial de Clubes, perdendo no prolongamento com o Liverpool.