“Que a Nação rubro-negra possa festejar mais um título”. A mensagem era acompanhada por uma fotografia de Jorge Jesus de máscara e vários jogadores do plantel do Flamengo em ponto pequeno. Momentos antes da segunda mão da final do Campeonato Carioca, em que podia tornar-se o primeiro estrangeiro a ganhar o título estadual pelo clube nos últimos 55 anos, foi isto que o português quis deixar a “42 milhões a torcer” (a mensagem desenhada nas bancadas vazias no Maracanã) através das redes sociais. Pormenor: a parte em que se podem deixar comentários à imagem e à mensagem ficou limitada. Perante o atual contexto, percebe-se porquê.

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“Nos últimos dias, uma série de notas foram publicadas nas redes sociais tentando passar um clima de discórdia entre a nossa diretoria e, principalmente, desestabilizar o nosso time através de ataques sórdidos ao nosso mais que vitorioso treinador. Já não é de hoje que isto acontece antes de jogos importantes. Usam sempre o mesmo modelo de ataque: ou através de ‘amigos’ na imprensa, ou pelo anonimato covarde das redes sociais, ou ainda pela utilização de “parceiros úteis” para este tipo de ação. Infelizmente, esta tática ainda existe no nosso futebol. E mais, ainda sobrevive em poucos na política rubro-negra”, defendeu esta tarde o clube em comunicado. “Um Flamengo forte e vencedor incomoda muita gente. A diretoria está totalmente unida em torno de seu técnico e do seu time. A diretoria está unida em torno dos ideais e dos compromissos do presidente Landim”, acrescentou.

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Apesar de todas as notícias que davam conta da mais do que provável saída de Jesus para o Benfica, a direção do Flamengo quis marcar uma posição até no sentido de estabilizar a equipa para conquistar mais um título, tendo até em conta que nos quatro jogos até ao momento em 2020 com o Fluminense houve triunfos divididos entre ambos. No final, o quinto encontro sorriu mais uma vez aos rubro-negros que, não fechando a decisão na final da Taça Rio, ganharam a primeira mão por 2-1 e agora por 1-0. Depois da Taça dos Libertadores, do Campeonato, da Supertaça do Brasil, da Supertaça Sul-Americana e da Taça Guanabara, o Campeonato Carioca. Jesus só não ganhou mesmo o Mundial de Clubes, que ainda não está confirmado em 2020. Agora, prepara a sua despedida, chegando esta sexta-feira (ou sábado) a Portugal para fechar contrato com o Benfica e regressar à Luz.

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Com quatro alterações previsíveis na equipa, com a troca do central Gustavo Henrique por Léo Pereira, o regresso esperado de Gerson ao meio-campo em vez de Diego, Éverton Ribeiro a recuperar o lugar de Vitinho na ala direita e a entrada do recuperado Bruno Henrique para a vaga do castigado Gabriel Barbosa, o Flamengo teve desta vez uma entrada mais personalizada, com mais posse e uma primeira grande oportunidade numa transição com passes verticais entre Éverton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique, que ultrapassou Muriel, perdeu espaço para rematar à baliza e assistiu Pedro para uma tentativa muito por cima (13′). No entanto, e apenas dois minutos depois, foi o Fluminense a chegar com perigo à área do conjunto de Jorge Jesus para o remate de Evanilson ao lado.

O encontro continuava a decorrer com as mesmas características mas os gritos do treinador português para dentro de campo eram cada vez mais audíveis, não tanto pela incapacidade que a equipa tinha no último terço, o que fez com que terminasse a primeira parte com algumas tentativas de Léo Pereira (de bola parada), Arrascaeta e Pedro mas também com ameaças do Fluminense que colocavam o setor defensivo em alerta, sobretudo pela capacidade que os agora visitantes (embora os jogos sejam sempre no Maracanã) mostravam para colocar a bola em zona de finalização em três/quatro toques a partir do meio-campo, como aconteceu com Marcos Paulo (26′).

Pedro, numa boa jogada de Éverton Ribeiro concluída com um remate a rasar a trave, deixou mais uma ameaça antes do intervalo (44′). Gerson, de livre direto, deixou mais uma ameaça depois do intervalo (48′). Esses dois lances colocavam de novo o Flamengo por cima em termos anímicos no jogo, tendo ainda uma diferença que se foi adensando com o passar dos minutos que tinha a ver com a melhor capacidade física (apesar de ter perdido Filipe Luís por lesão) que permitia pressionar mais alto, condicionar as saídas do Fluminense e controlar a vantagem na eliminatória. “Anda lá car****”, ouvia-se na zona técnica dos rubro-negros, com Jesus a puxar cada vez mais pelos jogadores por sentir que a partida se colocava a jeito para o golo que seria o final da eliminatória. “Não fazem um car**** de uma bola parada”, atirou depois. O golo tardava a surgir mas lá apareceu no quarto minuto de descontos, com Vitinho a rematar de fora da área, a bola a desviar em Nino e a fazer o 1-0 no encontro.

No final do encontro, deu um sentido abraço ao treinador do Fluminense, Odair Hellmann, cumprimentou no relvado os seus jogadores e alguns adversários, foi apanhado a meio do caminho pelo diretor de futebol, Marcos Braz, deu um sentido abraço a elementos mais próximos como Gabriel Barbosa, ainda esteve a explicar com a mão e os dedos questões táticas a Éverton Ribeiro. Depois, quando os dirigentes do clube iam dar a taça aos capitães Diego e Éverton Ribeiro, todos chamaram Jorge Jesus para o treinador levantar o troféu enquanto os jogadores iam cantando o já conhecido “Olê, mister”. Se dúvidas existissem, uma imagem disse tudo.