O jogo com o Benfica correu o sério risco de não ser realizado mas uma série de diligências permitiram que todos os elementos que ainda não rescindiram contrato (e são já três meses de vencimentos em atraso…) entrassem em campo, chegados no carro próprio, de táxi ou a pé, e tivessem uma atitude forte que correu mundo ao recusarem participar no encontro durante o minuto inicial, permanecendo na zona onde se encontravam. 90 minutos depois, sobraram elogios pela postura, pelo profissionalismo e pela entrega, sobrou também solidariedade pela situação. Uma situação que, apesar do comunicado da SAD do Desp. Aves esta quarta-feira, continua na mesma.

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“A SAD do CD Aves vem agradecer todo o empenho posto pelo clube, pelo presidente António Freitas e todos os intervenientes na organização do jogo com o Benfica da passada terça-feira. No sentido de terminar a temporada com a dignidade e respeito que esta instituição nos merece, a SAD aproveita para garantir estar a desenvolver todos os esforços no sentido de assegurar a deslocação da equipa ao Algarve e encerrar a sua participação na Liga NOS, com o Portimonense (…) A SAD confirma estar a trabalhar no sentido de viabilizar o preenchimento de todos os pressupostos necessários para inscrever o CD Aves nas competições profissionais, na próxima temporada, estando em negociações com os seus credores para honrar todos os compromissos assumidos”, disse, referindo ainda que o troféu da Taça de Portugal de 2018, que andava desaparecido, está com a sociedade avense.

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No entanto, esta quinta-feira a Vila das Aves volta a estar nas notícias e pelas piores razões: enquanto o plantel fez o seu treino normal, tendo em vista o encontro do próximo domingo no Algarve, a GNR deslocou-se ao estádio do clube para executar uma providência cautelar de um processo judicial. De acordo com o jornal O Jogo, foram arrestados vários bens, entre os quais o autocarro, cadeiras, secretárias e um plasma que estava na SAD. “Tendo em conta, as últimas notícias nos jornais nacionais, o Académico de Viseu Futebol Clube coloca o seu autocarro à disposição do Clube Desportivo de Aves para a equipa realizar a deslocação a Portimão. Juntos pela verdade desportiva”, anunciou ao início da tarde o conjunto viseense, da Segunda Liga.

À espera de uma solução, adeptos do Desp. Aves criticam gestão da SAD. “Andamos aqui esquecidos”

O Record acrescenta mais um dado importante: apesar da proibição do agente de execução que qualquer elemento da SAD entrasse nas instalações, Estrela Costa, acionista e assessora da sociedade, chegou ao seu escritório para levar várias pastas com contratos dos jogadores à revelia das autoridades. Os adeptos do Desp. Aves que se foram começando a juntar perto do estádio também se manifestam contra as ações da SAD. De acrescentar ainda que se soube também esta quinta-feira que o Desp. Aves (clube) deu entrada com uma ação judicial no Tribunal da Comarca de Santo Tirso a pedir a destituição dos órgãos sociais da SAD, no dia da receção dos avenses ao Benfica.

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Na origem da ação encontra-se uma providência cautelar interposta pela Engimov, a empresa escolhida para fazer a construção do novo centro de estágios do clube, em Santo Tirso, que foi lançado a 15 de setembro de 2016 mas que continua a ser apenas um descampado. A construtora alega uma verba vencida por receber de 400 mil euros mas, ao Público, os responsáveis chineses da SAD falaram num investimento de mais de 1,5 milhões.

Aves. O clube da vila é “made in China” (mas não só: há também português com “açúcar”)

“Este é um caso de polícia as entidades competentes já estarão a acompanhar. Não tem havido casos de salários em atraso na Primeira e na Segunda Liga com esta dimensão. Em março, foi realizado o controlo financeiro e havia cinco clubes em incumprimento. Desses cinco, só um não regularizou: o Desp. Aves, invocando a pandemia e que o dinheiro vinha da China e não era possível pagar — uma desculpa de mau pagador, porque, do ponto de vista estrutural, já havia indícios de má gestão. Estas circunstâncias especiais da pandemia condicionaram a eficácia do mecanismo e o Aves aproveitou-se desse fator para não pagar aos jogadores”, disse à Lusa Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores, à margem do 18.º Estágio do Jogador, em Odivelas.

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